Como citar: PERFEITO, Rodrigo Silva. Pilates e Diabetes Melitus: mais uma possibilidade de mercado. Revista Nova Físio. Ano XVI, n. 92, Maio/Junho, 2013.
Matéria científica - Pilates e Diabetes Melitus: mais uma possibilidade de mercado
Rodrigo Silva Perfeito
Graduado em Educação
Física – Licenciatura pela UERJ; Graduando em Educação Física – Bacharelado;
Graduado em Fisioterapia pela FRASCE; Especialista em Educação Física Escolar
pela UERJ; Mestrando em Ciências da Atividade Física pela UNIVERSO;
Diretor/Fundador do Instituto Fisart
Este texto tem por propósito
realizar um simples e rápido apanhado teórico sobre os possíveis efeitos positivos
do método Pilates no Diabetes tipo I e II. A pergunta em questão é: como esse
grupo tão abundante no Brasil pode se beneficiar com uma sessão de exercícios
sistematizados? Para tanto, começaremos discutindo sobre o distúrbio em
questão.
O Diabetes Melitus pode ser entendido como uma síndrome metabólica de
carboidratos, sendo suas principais características, a hiperglicemia e a
glicosúria. Geralmente, se desenvolve por uma desarmonia na produção de
insulina no pâncreas, ou ainda, alguma falha quanto a sua absorção celular.
Para entender melhor
essa relação, vale o seguinte esclarecimento: possuímos dois hormônios
antagonistas fundamentais para a regulação da glicemia, o glucagon e a
insulina, ambos secretados pelo pâncreas e de fundamental importância quanto à
qualidade do exercício. Estes serão citados a frente e são de suma relevância
para o entendimento do sistema regulador e homeostático do ciclo
exercício/diabetes.
Existem 2 principais
classificações para o Diabetes: o primeiro se chama Diabetes Melitus Insulino Dependente ou do tipo I. Nesse, como tratamento,
são aplicadas doses variadas de insulina exógena; o segundo tipo, o Diabetes Melitus Não Insulino Dependente
ou do tipo II, costuma surgir na fase adulta, e de costume não necessita de
qualquer posologia insulínica, vide que o possuidor do transtorno consegue regular
os índices glicêmicos com exercícios, alimentação equilibrada, e em alguns
casos, fármacos.
Controlar este
transtorno metabólico é importantíssimo, pois além de já causar considerável
desconforto a homeostase dos sistemas corporais, é fator de risco para o
acometimento de outras doenças como: neufropatia diabética, neuropatia
autonômica, retinopatia diabética, hipertensão arterial, doenças
cardiovasculares e arteriocoronarianas, entre muitas outras.
Diversos cadernos de
saúde relatam que o tratamento seria a base de insulina (tipo I), medicamentos
via oral e dieta balanceada (tipo II) e, o que mais nos interessa nessa matéria,
o exercício físico orientado (mais eficiente no tipo II). Portanto, se
possuímos em nossas mãos uma ferramenta que pode auxiliar tanto na prevenção
como no tratamento deste distúrbio, diria que é dever do profissional que
trabalha com o método Pilates, se atentar a mais essa faceta do mercado de
trabalho.
Já que estou assumindo
que o Pilates, se realizado de maneira sistematizada para o objetivo destacado,
possibilita grandes ganhos, vamos discutir sucintamente qual seria a função da
atividade física para o diabético.
Ainda existem
discordâncias em artigos, mas em sua grande maioria, estes apresentam
resultados demonstrando diminuição da sintomatologia da doença e redução da
posologia medicamentosa, já que o exercício físico por meio do Pilates
melhoraria a sensibilidade quanto à insulina, auxiliando no índice glicêmico
plasmático. Mas temos 2 tipos de Diabetes, será que o resultado é igual para
ambos?
No Diabetes tipo I
(Insulino dependente), temos que tomar cuidado redobrado ao exercício, pois estes
sujeitos possuem alta propensão à hipoglicemia, que poderia levá-lo ao óbito se
suas taxas glicêmicas não fossem rapidamente controladas. Esta hipoglicemia
pode ocorrer durante o exercício ou até após o mesmo, já que estes indivíduos
não possuem no fígado a mesma velocidade de liberação da glicose comparado ao
seu consumo. Fica claro, que para o Diabético, a presença do glucagon é muito
importante para a produção hepática de glicose diante do exercício, no entanto,
isso dificilmente ocorre, por problemas metabólicos e nos receptores do
diabético tipo I. Não estou dizendo que o exercício não serve para esse grupo, no
entanto, além da hipoglicemia, como esse indivíduo já possui altos índices
glicêmicos plasmáticos e baixa taxa de insulina, os hormônios antagônicos irão
excretar substâncias que aumentarão os corpos cetônicos e a glicose, podendo
proporcionar uma cetoacidose diabética. Por esses e outros motivos, o exercício
não incide tão positivamente (de maneira direta) nessa patologia. Por outras
vias, devemos sim realizar o Pilates nesse grupo, pois a atividade física reduz
os riscos de doenças cardiovasculares e outras já citadas, que são muito recorrentes
no diabético tipo I.
No Diabetes tipo II
(Insulino não dependente), o Pilates terá um resultado direto. O distúrbio do
tipo II, geralmente ocorre pela falta de excitabilidade da insulina ou
resistência à mesma. Em outras palavras, não é possível, por diversos motivos,
carrear a glicose para o meio intracelular. E vejam que interessante, estudos
mostram que a contração muscular aumenta a permeabilidade da membrana celular. Assim,
o Pilates serviria como uma ferramenta para diminuir a resistência e melhorar a
sensibilidade à insulina, diminuindo a posologia medicamentosa de seu aluno,
que sem dúvidas, refletirá em uma melhor qualidade de vida. Como dica, mais uma
vez, de maneira sistematizada, o exercício físico de alta a moderada
intensidade traz efeitos positivos para horas após a sessão de treino, e se bem
conduzido, essa diminuição do índice glicêmico pode se tornar crônico. Além da
ação direta no tratamento do Diabetes tipo II, o Pilates pode diminuir as taxas
de colesterol e gordura corporal, vide que grande parte dos diabéticos tipo II
são acima do peso.
Neste momento ficamos
por aqui, o como sistematizar o exercício ficará para tempos futuros, talvez
ainda para esse ano. O intuito desse texto é mostrar que o Diabético pode e
deve se beneficiar das sessões de treino por meio do Pilates. Digamos que essa
é uma dica para que nós abracemos mais essa abertura do mercado. Deixo claro
também, que esse é um texto simples, que nem de longe, esgota o assunto.
Apresentei a ideia e cabe a cada um de vocês aprofundá-la e trabalhar
fundamentado em todos os artigos e livros já publicados.
Referências e sugestões de leitura
BEZERRA, Marcelo Jorge de Souza; PERFEITO, Rodrigo
Silva. Variação
do humor por meio de exercícios de Pilates em adolescentes acautelados. Nova
Fisio, Revista Digital. Rio de Janeiro, Brasil, Ano 16, nº 90, Jan/Fev de
2013. p. 32-41.
CAMPOS,
Maurício de Arruda. Musculação:
diabéticos, osteoporóticos, idosos, crianças, obesos. 5 ed. Rio de Janeiro:
Sprint, 2011.
MCARDLE, W; KATCH, F; KATCH, V. Fisiologia
do Exercício: Energia,
Nutrição e Desempenho Humano. 5ª ed. - Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 2001.
PERFEITO, Rodrigo Silva. A importância de pensar no método Pilates como
uma modalidade de treinamento. Revista Negócio & Fitness.
São Paulo, v. 19, Dezembro de 2011.
PERFEITO, Rodrigo Silva; CORDEIRO, Ricardo Gonçalves. Atividade
aeróbica associada ao método pilates: uma possibilidade para a diminuição da
mortalidade. Nova Fisio, Revista Digital.
Rio de Janeiro, Brasil, Ano 16, n. 91, Março/Abril de 2013. p. 32-34
PERFEITO, Rodrigo Silva. Pensamentos sobre as indicações e contra
indicações no método Pilates. Revista Negócio & Fitness.
São Paulo, v. 24, Maio de 2012. pp. 06-08.
PERFEITO, Rodrigo Silva. Pilates: studio, solo e bola. Rio de
Janeiro: Fisart, 2011
PERFEITO, Rodrigo Silva.
Pilates:
as diferentes respostas adaptativas ao exercício entre homens e mulheres. Rev. NovaFisio.
Ano 15, n.87. Julho/Agosto
2012.
SOARES, Tadeu W; PERFEITO, Rodrigo Silva.
Sugestão para inserção de softwares durante a avaliação dos alunos de estúdios
de Pilates: uma revisão de literatura. Rev. NovaFisio. Ano 15, n.84. Jan/Fev 2012.