Ergogenic
Effects of Music on Jump Classes
RESUMO:
O presente estudo tem como propósito investigar a influência da música como recurso ergogênico nas aulas coletivas de Jump em academias. Para tanto, contou com uma amostra de 22 indivíduos saudáveis, praticantes de exercícios físicos e que participavam de atividades em que a música era utilizada como um dos elementos principais da aula. Para analise do esforço foram coletadas a frequência cardíaca (FC) e a percepção subjetiva de esforço (E.BORG) em aulas com música (CM) e sem música (SM). Os avaliados completaram duas sessões (CM e SM) de testes, divididas em três etapas: metrônomo 120, metrônomo 140 e metrônomo 160 com execução continua no mini trampolim. As médias dos valores de FC e E.BORG apresentaram uma diferença gradativa no aumento da intensidade e queda na percepção subjetiva de esforço no grupo CM. Conclui-se que a música é um eficiente recurso ergogênico para praticantes de Jump, pois possibilita a diminuição da percepção de esforço e aumento da intensidade em diferentes ritmos motores.
Palavra-chave: Música; Recursos Ergogênicos; Jump;
ABSTRACT:
This study aims to investigate the influence of music as an ergogenic resource in the collective classes of Jump in the gyms. To this end, it reported a sample of 22 healthy individuals, practitioners of physical exercises who participated in activities in which a song was used as one of the main elements of the class. To analyze the efforts, heart rate (HR) and effort perception (E.BORG) were collected in music classes (CM) and without music (SM). The taxes concluded two sessions (CM and SM), divided into three stages: metronome 120, metronome 140 and metronome 160 with continuous execution on the mini trampoline. As a mean of HR and E.BORG values, there was a gradual difference in intensity increase and a perceived exertion in the CM group. Conclude that a song is an efficient ergogenic resource for jump practitioners as it allows you to decrease the perception of effort and increase the intensity at different motor rhythms.
Keyword: Music; Ergogenic Resources; Jump;
Introdução
Com os passar
dos anos, a música vem tomando cada vez mais espaço no cenário do exercício
físico, assumindo diversas vertentes. Se antes era somente utilizada como fator
estimulante na melhora dos movimentos e performance,
hoje, já existem estudos como o de Neves et
al.1 com a tentativa de verificar sua interferência em testes de
força máxima e como o de Miguel2 auxiliando no controle da
ansiedade, mostrando ser uma variável importante em diversos cenários.
Dependendo do
ritmo, característica da música e gosto do ouvinte, os estímulos podem ser de
caráter positivo, ou se mal utilizada, de caráter negativo, influenciando indireta
e diretamente no ritmo e intensidade do movimento. Em outras palavras, de
acordo com o tipo da música, podem ocorrer estímulos distintos que irão
influenciar o desempenho do treinamento3.
Esta
versatilidade estimulante pode ser entendida por meio de estudos que explicam
que além da música ser processada na mesma área cerebral das emoções, estimula
a liberação de dopamina, tornando o exercício algo mais prazeroso de se
realizar4. Além disso, ainda existe a estimulação hormonal
influenciada pelo próprio movimento corporal. Em outro estudo similar, foi
percebido que a música aumenta o estado de ânimo em praticantes de exercícios5.
Além disso, a
música ajuda em mais fatores do que somente ritmar o movimento físico: favorece
a integração e entendimento do funcionamento cerebral e desenvolvimento humano numa
relação de sintonia, promovendo ativações e conexões que se apresentam como ferramentas
para mudanças comportamentais6. Também pode ser utilizada como um
mecanismo de compreensão no processo criativo, demonstrando o poder que este
elemento tem de influenciar nossas mentes7.
A ligação da
música com as representações sociais do viver e se representar são tão fortes, que
o rendimento e a retenção em exercícios físicos são aumentados até mesmo em
idosos com demência8 e praticantes com ansiedade2.
Por esses
motivos, a música vem ganhando campo como recurso
ergogênico diante dos diversos tipos de exercícios físicos, agindo como fator
estimulante, distrativo para a sensação de fadiga, ditador de cadencia e ritmo
de execução, dentre outros.
Apesar dos estudos
discutirem uma diversidade de modalidades com efeitos positivos através da
música, o motivo impulsionador para a realização da pesquisa e escolha
específica do Jump ocorreu a partir da observação de diferentes comportamentos
dos praticantes diante de músicas com estilos diferentes durante as aulas
coletivas, o que consequentemente trouxe a problemática: será que a música
realmente afeta tão drasticamente o estado de ânimo e rendimento do praticante
ou estamos diante de outra variável que não identificamos ainda?
Buscando responder
essa pergunta, traçamos o objetivo de verificar a influência da
música de diferentes ritmos como recurso ergogênico nas aulas coletivas de Jump
em academias.
Este estudo se
justifica de modo científico, pois busca acrescentar no escopo de estudos já
existentes, um comparativo entre ritmos diferenciados, não repetindo o foco
tradicional, que é o de demonstrar que a música é um eficiente instrumento
ergogênico. E se justifica de modo social, na tentativa de trazer dados que
auxiliem os professores de Educação Física a traçar aulas de Jump diferenciadas
e atrativas aos alunos, tanto no aspecto da variabilidade, quanto na do
rendimento.
METODOLOGIA
Trata-se de uma
pesquisa quantitativa analítica de corte transversal, envolvendo 22 voluntários
saudáveis, sendo 18 do sexo feminino e 4 do sexo masculino, com idades entre 21
a 40 anos, praticantes de exercícios físicos coletivos e individuais em
academias do Rio de Janeiro - RJ.
A
coleta de dados foi composta por 06 sessões diferentes (120, 140 e 160
Metrônomo Sem Música (SM) e 120, 140 e 160 Com Música (CM)) em dias diferentes
e com duração de 1h, que se repetiram por 8 semanas ou 2 meses. Assim, segunda
feira ocorria a aula de jump com Metrônomo 120 SM, na terça feira a de 140 SM,
na quarta feira a de 160 SM, na quinta feira a de 120 CM, na sexta a de 140 CM
e no sábado a de 160 CM. A partir de todos os dados coletados, criaram-se
médias e desvios padrões.
Antes de iniciar
as sessões, os voluntários permaneciam por 10 minutos em repouso, sentados,
para a primeira verificação da frequência cardíaca (FC) por meio de relógio
frequencimetro Polar Ft1 objetivando a adequação da FC de repouso. A cada
sessão, após o teste de esforço continuo era repetida a aferição da FC
acrescentando a utilização da escala subjetiva de percepção de esforço (E.
BORG).
Os
resultados são apresentados por meio de estatística analítica, utilizando-se
dos recursos média aritmética e desvio padrão.
A
pesquisa foi registrada no comitê de ética da Plataforma Brasil do sistema
CEP/CONEP com o id: 9433. Também foi gerado no International Committee of
Medical Jounal Editors (ICMJE) documento que confirma não existir conflito de
interesses entre os autores.
RESULTADOS
Grupo: sem
música (SM)
Desvio Padrão superior = 148 bpm |
Desvio Padrão superior = 9 |
Média BPM = 133 bpm |
Média E. Borg = 8 |
Desvio Padrão Inferior = 118 bpm |
Desvio Padrão Inferior = 6 |
Desvio Padrão superior = 163 bpm |
Desvio Padrão superior = 12 |
Média BPM = 145 bpm |
Média E. Borg = 10 |
Desvio Padrão Inferior = 127 bpm |
Desvio Padrão Inferior = 8 |
Desvio Padrão superior = 177 bpm |
Desvio Padrão superior = 16 |
Média BPM = 164 bpm |
Média E. Borg = 14 |
Desvio Padrão Inferior = 152 bpm |
Desvio Padrão Inferior = 11 |
Grupo: com
música (CM)
Desvio Padrão superior = 158 bpm |
Desvio Padrão superior = 8 |
Média BPM = 136 bpm |
Média E. Borg = 7 |
Desvio Padrão Inferior = 113 bpm |
Desvio Padrão Inferior = 6 |
Desvio Padrão superior = 173 bpm |
Desvio Padrão superior = 9 |
Média BPM = 157 bpm |
Média E. Borg = 8 |
Desvio Padrão Inferior = 141 bpm |
Desvio Padrão Inferior = 7 |
Desvio Padrão superior = 184 bpm |
Desvio Padrão superior = 12 |
Média BPM = 172 bpm |
Média E. Borg = 9 |
Desvio Padrão Inferior = 161 bpm |
Desvio Padrão Inferior = 7 |
DISCUSSÃO
A efeito de
lembrança dos resultados para facilitar a discussão, encontramos na sessão de
teste SM – metrônomo 120bpm, na variável FC, a média de 133bpm, um total de 23%
de participantes fora do desvio padrão, 14% acima do desvio, 9% abaixo do
desvio padrão. Pela escala de Borg, uma média de escore 8, sendo que apenas 9%
ficaram fora do desvio padrão. Na sessão de teste CM – metrônomo 120bpm, na
variável FC, foi identificada a média de 136bpm, um total de 32% de
participantes fora do desvio padrão, 14% acima do desvio, 18% abaixo do desvio
padrão. Pela escala de Borg, uma média de escore 7, sendo que apenas 5% ficaram
fora do desvio padrão.
Diante dos dados,
apesar do grupo CM alcançar vantagem em relação ao SM, não houve diferença
significativa da FC como variável de intensidade do movimento, aumentando
apenas 3bpm, assim como para a variável Borg, reduzindo apenas 1 escore entre
as tarefas SM e CM. Assim, não foi possível corroborar com os achados de Garcia
e Zannin9, no qual perceberam que música foi reconhecida como um
agente relevante unificador e estimulador em todos os metrônomos comparados.
Na sessão de
teste SM – metrônomo 140bpm, na variável FC, foi identificada a média de
145bpm, um total de 23% de participantes fora do desvio padrão, 9% acima do
desvio, 14% abaixo do desvio padrão. Pela escala de Borg, uma média de escore
de 10, sendo que apenas 23% ficaram fora do desvio padrão, sendo 18% acima e 5%
abaixo. Na sessão de teste CM – metrônomo 140bpm, na variável FC, foi identificada
a média de 157 bpm, um total de 19% de participantes fora do desvio padrão, 5%
acima do desvio, 14% abaixo do desvio padrão. Pela escala de Borg, uma média de
escore de 8, sendo apenas 23% ficaram fora do desvio padrão.
Diferente do
comparativo do metrônomo de 120bpm, no de 140bpm, o grupo CM obteve maior
rendimento na tarefa (um aumento de 12bpm). Mesmo realizando exercícios com
maior intensidade e velocidade que o grupo SM, identificado pelo aumento dos
bpm, os participantes relataram menor percepção do esforço (2 pontos a menos),
o que nos leva a compreender que quando acelerado 20bpm no metrônomo, o
estímulo musical começa a fazer mais diferença no aumento do rendimento.
A
situação acima pode ser explicada por meio da utilização dos pulsos musicais
durante a prática de exercícios físicos, que pode auxiliar na precisão e na
velocidade de execução dos gestos motores, contribuindo com a motivação e com o
rendimento do praticante3.
Pode
ser que a menor percepção de esforço ao aumentar a intensidade do exercício
esteja ligada às respostas fisiológicas e psicológicas geradas pelo
Sistema Nervoso Central. Quanto maior a intensidade do exercício, e se a música
for do agrado do praticante, maior a liberação de neurotransmissores
excitatórios, como a endorfina e a serotonina10.
Dessa forma,
acreditamos que a música consegue inibir sensações desagradáveis resultantes do
exercício físico de média intensidade, como a fadiga, aumentando a motivação
para a tarefa e adiando o ponto máximo de exaustão.
Também foi
possível observar durante as sessões de testes, que a música pode funcionar
como um fator distrativo, transferindo a atenção direta do esforço para o ritmo
ou letra da música.
Na sessão de
teste SM – metrônomo 160bpm, na variável FC, foi identificada a média de
164bpm, um total de 23% de participantes fora do desvio padrão, 9% acima do
desvio, 14% abaixo do desvio padrão. Pela escala de Borg, uma média de escore
de 14, sendo apenas 18% ficaram fora do desvio padrão. Na sessão de teste CM –
metrônomo 172bpm, na variável FC, foi identificada a média de 157bpm, um total
de 32% de participantes fora do desvio padrão, 9% acima do desvio, 23% abaixo
do desvio padrão. Pela escala de Borg, uma média de escore de 9, sendo 14%
ficaram fora do desvio padrão.
Assim como no
metrômetro de 140bmp, no de 160, o grupo CM conseguiu realizar um exercício
mais intenso (mais 12 bpm), e mesmo assim, acusou um esforço menor pelo Borg (5
pontos a menos).
Esses dados nos
levam a perceber que quanto maior o ritmo do metrônomo, melhores são os
resultados comparativos do grupo CM em relação ao SM. Em outras palavras,
quanto maior o esforço ou ritmo mais acelerado da música, melhores são os
desempenhos dos praticantes comparados àqueles que optam em não escutar nenhuma
música.
Tal efeito é
alcançado, pois a música interfere no estado de ânimo do praticante,
tornando-os mais ativos11. Desta forma, a música
pode ser utilizada como recurso motivacional, tendo como principal objetivo,
além da motivação, o aumento significativo da capacidade de desvincular o
praticante de estímulos não prazerosos como fadiga, dor, cansaço e tensão
psicológica, aumentando o desempenho físico9.
Por último, Franco-Alvarenga10 complementam explicando que a
música atua como um agente motivacional, controlando o estado excitatório,
melhorando o humor e reduzindo a percepção do esforço. Fatores que realmente
foram encontrados em nossos resultados através do entendimento da intensidade
diminuída pelos praticantes.
CONCLUSÃO
Diante dos
resultados coletados nesse trabalho e dos demais estudos referenciados, é
possível concluir que a música é um importante recurso ergogênico para aulas
coletivas de Jump em academias.
Isto
ocorre, pois em todos os ritmos (metrônomo de 120, 140 e
160 bpm) os praticantes que se exercitavam com
música, alcançaram uma intensidade maior e menor percepção do esforço quando
comparados com os praticantes que não escutaram música. Além disso, foi
perceptível que quanto maior o ritmo, maior o desempenho dos participantes,
demonstrando que não basta apenas optar pela música. É importante também que se
escolha o metrônomo adequado para cada intensidade e estilo de aula desejada.
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