Como citar:
PERFEITO, Rodrigo Silva; CORDEIRO, Ricardo Gonçalves.
Atividade aeróbica associada ao método pilates: uma possibilidade para a diminuição da mortalidade. Nova Fisio, Revista Digital. Rio de Janeiro,
Brasil, Ano
16, nº 91, Março/Abril de 2013. p. 32-34
Matéria Científica
Atividade
aeróbica associada ao método pilates: uma possibilidade para a diminuição da
mortalidade
Por: Rodrigo
Silva Perfeito2; Ricardo Gonçalves Cordeiro1
1
Graduado
em Educação Física pela UCB; Graduando em Fisioterapia pela UCB;
Especialista em Fisiologia do esforço pela UCB; Mestrando em Ciências da
Atividade Física pela UNIVERSO; ricardo_hand@yahoo.com.br
2
Graduado em Educação Física - Licenciatura pela UERJ; Graduando em Educação
Física - Bacharelado pela UERJ; Graduado em Fisioterapia pela FRASCE;
Especialista em Educação Física Escolar pela UERJ; Mestrando em Ciências da
Atividade Física pela UNIVERSO; rodrigosper@yahoo.com.br
Nova Fisio, Revista Digital. Rio de
Janeiro, Brasil, Ano 16, nº 91, Março/Abril de 2013. p. 32-34 http://www.novafisio.com.br
Atividade
aeróbica associada ao método pilates: uma possibilidade para a diminuição da
mortalidade
O método Pilates deve
ser entendido como algo muito além de uma atividade que propicia maior
resistência, força e flexibilidade da musculatura. Infelizmente, muitos
instrutores ainda não enxergaram todo esse poder do método. De modo talvez ousado,
propomos o treinamento cardiorrespiratório (Exercício Aeróbico- EA) associado
com Pilates, como modo de prevenção de doenças ou de tratamento. Isso mesmo,
estamos propondo o treinamento aeróbico associado ao Pilates. Este é possível e
muito válido. Diversos estúdios já estão incorporando a bicicleta e a esteira
como mais uma possibilidade, e muitos destes estúdios localizam-se dentro de
academias de ginástica. O mais interessante, veremos mais a frente com maior
propriedade, que quanto maior o condicionamento cardiorrespiratório (VO2máx),
menor o risco de morte (< 8 MET) (MYERS, 2002).
Surge então o Exercício
Aeróbico associado ao Pilates, como uma ferramenta de prevenção, promoção da
saúde e, até mesmo, como forma de tratamento não farmacológico, principalmente
para Doenças Crônicas Não Transmissíveis.
Quando pensamos em uma
atividade aeróbica, a primeira questão que deve vir em mente é qual o melhor
exercício, seguido da intensidade correta. Identificar a primeira etapa é
razoavelmente fácil, a segunda, controlar a intensidade do esforço, é que deve
ser considerada de escopo complexo.
Outro fato importante,
é a diferença quanto a prescrição do exercício aeróbico para a saúde e para a performance. Na promoção da saúde, o
objetivo é melhorar a aptidão cardiorrespiratória; já aquele que tem por
finalidade a melhora do desempenho, além da aptidão cardiorrespiratória, deseja
aprimorar a tolerância à fadiga em exercícios máximos e submáximos de esforço,
eficiência no gasto energético, entre outros aspectos. Foi citado o exercício
submáximo para adaptações quanto à fadiga em um circuito no Pilates, por
exemplo, pois o indivíduo não consegue se manter por muito tempo em um
exercício máximo, principalmente se o mesmo for de tipo contínuo, o que iremos
discutir mais a frente.
Como o Pilates tem
muito cunho terapêutico, o enfoque nesse texto será na promoção da saúde,
portanto, melhora da aptidão cardiorrespiratória. Nesses marcos, já se sabe que
os treinos em alta intensidade são melhores (> 80% VO2máx ou >
85% FCreserva) do que os de moderada e baixa intensidade (40 a 80%
VO2máx ou entre 60 a 80% da FCreserva), pois em discurso
simples, melhora com maior eficiência a aptidão relatada. O “x” da questão,
quando falamos em exercício aeróbico e saúde, é que os estudos atuais, como o
de Mayers (2002) mostram que quanto maior a aptidão, menor o risco de morte. Neste
trabalho foi apontado que para 1 MET (valor de 3,5 do VO2) de
melhora, são diminuídos de 12 a 15% o risco de morte. Além do trabalho de alta
intensidade comparado ao de média e baixa intensidades melhorar em maior
proporção o VO2máx, também incide qualitativamente em certos fatores
de risco de morte. Assim, quanto mais condicionada a pessoa (entendido pelo
consumo máximo de O2) menor o risco; quanto menos condicionada,
maior a probabilidade de morte. A aptidão também é correlacionada em alguns
trabalhos com questões de saúde como: o diabetes, a hipertensão, o fumo e o
alcoolismo.
Alguns autores arriscam
o discurso de que a sobrevida é pior em quem é sadio e mal condicionado, do que
no sujeito que é doente, no entanto, bem condicionado. Devemos apenas tomar
cuidado com esta afirmativa, a fim de evitar equívocos. Não podemos afirmar que
ser cardiopata bem condicionado é mais indicado do que ser um sedentário não cardiopata.
A conclusão que se pode obter é que o condicionamento cardiorrespiratório é
fator importante para a qualidade de vida. E não, que possuir uma patologia
qualquer é positivo.
Para trabalhar com
exercícios aeróbios de moderada e alta intensidade somado ao Pilates, é preciso
optar pelo treinamento continuo ou intervalo, moldados pelos indicadores de
intensidade que serão relatados a seguir. Sabe-se ainda, que para se manter
mais tempo em alta intensidade é preciso treinar na modalidade intervalada, já
que no contínuo, não é possível se manter no steady state por muito tempo no exercício.
Aperfeiçoando o consumo
de O2, melhora-se a aptidão, reduzindo ou auxiliando na diminuição
dos riscos de morte, isso já sabemos. Mas como trabalhar as intensidades? Na
prescrição do exercício aeróbico, na perspectiva da saúde, são utilizados 5
indicadores de intensidade: VO2res, VO2máx, FCmáx,
FCres e taxa de esforço perceptivo, como a escala de Borg. Sim, para
ser instrutor de Pilates, precisamos saber trabalhar os indicadores de
intensidade.
Com relação
aos indicadores, existem alguns problemas relacionando as pesquisas e a
prática, pois diversos trabalhos fazem simetria entre indicadores na relação de
1:1, como no caso da FC e o consumo de O2, partindo do principio que
existe relações de paridade exata entre esses marcadores, quando na realidade,
não devem ser utilizados para tal referência, mas sim, para se saber em que
percentual de esforço se está trabalhando. Outra relação errônea muito
utilizada é a do gasto energético representado em MET e o consumo de O2.
Outra
questão bastante criticada na literatura atual, é a lenda de que um iniciante
buscando o condicionamento cardiorrespiratório deve trabalhar em intensidade
baixa ou moderada. Como dito anteriormente, estudos comprovaram que o
condicionamento aeróbico traz resultados muito mais favoráveis em trabalhos de
alta intensidade, desde que realizados de maneira intervalada com cargas e
descansos ativos adequados. Os estudos avançam proferindo ainda, que quanto maior
o aprimoramento cardiorrespiratório, menor é o risco de morte. Os dados são
bastante interessantes: para cada aumento do MET, o indivíduo tem uma redução
do risco de morte de 13% a 15%. Portanto, aumentando de 3 a 4 METs, temos
uma redução de 50% do risco de morte. Vale ressaltar mais uma vez, que estes
são parâmetros estatísticos importantes, mas que devem ser interpretados de
maneira consciente. Não devemos extrair conclusões precipitadas desta fala,
como: se eu melhorar meu condicionamento cardiorrespiratório no Pilates, não
irei morrer. Apesar de diversas pesquisas mostrarem um efeito muito positivo, é
bastante difícil aumentar o consumo de O2,
o que torna a tarefa de aprimorar o MET complexa.
Este é um texto
reflexivo que não visa trazer dados epistemológicos. O objetivo aqui é
salientar aos instrutores de Pilates, que podemos trazer uma prevenção ou
tratamento de patologias respiratórias severas, e ainda, melhorar a sobrevida
dos indivíduos. Portanto, de grande valia para toda uma sociedade. Mãos a obra!
Referências
e sugestões de leitura
BEZERRA, Marcelo Jorge de Souza; PERFEITO,
Rodrigo Silva. Variação
do humor por meio de exercícios de Pilates em adolescentes acautelados. Nova
Fisio, Revista Digital. Rio de Janeiro, Brasil, Ano 16, nº 90, Jan/Fev de
2013. p. 32-41
MYERS, J; PRAKASH, M; FROELICHER, V; DO, D; PARTINGTON, S; ATWOOD, J.
Exercise capacity and mortality among men referred for exercise testing. N Engl J Med 2002; 346:793-801.
PERFEITO, Rodrigo Silva. A importância de pensar no método
Pilates como uma modalidade de treinamento. Revista Negócio & Fitness. São Paulo, v. 19, Dezembro de 2011.
PERFEITO, Rodrigo Silva. Pensamentos sobre as indicações e contra
indicações no método Pilates. Revista Negócio & Fitness.
São Paulo, v. 24, Maio de 2012. pp. 06-08.
PERFEITO, Rodrigo Silva.
Pilates: studio, solo e bola. Rio de
Janeiro: Fisart, 2011
PERFEITO,
Rodrigo S. Pilates:
as diferentes respostas adaptativas ao exercício entre homens e mulheres. Rev. NovaFisio.
Ano 15, n.87. Julho/Agosto
2012.
SOARES, Tadeu W; PERFEITO, Rodrigo S. Sugestão
para inserção de softwares durante a avaliação dos alunos de estúdios de
Pilates: uma revisão de literatura. Rev. NovaFisio.
Ano 15, n.84. Jan/Fev 2012.