Como citar:
PERFEITO, Rodrigo Silva.
As influências das redes sociais de relacionamento no processo de ensino e aprendizagem. Corpus et Scientia, v. 8, n. 3, p. 154-166, dez. 2012.
As influências das redes sociais de relacionamento no processo de ensino
e aprendizagem
(The influence of social networks
of relationships in the process of
teaching and learning)
RESUMO:
Atualmente nos deparamos com um dos maiores crescimentos
tecnológicos do Brasil e do mundo. Esta tecnologia vem sendo empregada de modo
positivo e negativo pelos docentes e discentes na construção do conhecimento. Em
análise a estes dois pontos, o objetivo desse artigo é relatar a existência
interferencial das redes sociais de relacionamento perante o processo de
ensino/aprendizagem. Assim como: exprimir a conceituação de redes sociais, qual
abordagem, quantitativamente, sobrepõe a outra e quais os ambientes sociais
afetados. Para tal, utilizamos como estratégia metodológica a revisão de
literatura de trabalhos publicados entre Janeiro de 2001 e Dezembro de 2012. O
presente trabalho se justifica a medida da existência de muitos materiais
teóricos que exaltam a tecnologia como elemento educativo, facilitando seu
estudo e análise. Além disso, estamos diante do atual fenômeno tecnológico
chamado Facebook, carecendo de ser
analisado de maneira mais reflexiva e científica. Esperamos que sua leitura
reflita em olhares mais atentos quanto às informações contidas nas redes
sociais, assim como sua análise e compreensão, permitindo um amadurecimento
comportamental de nossa sociedade e dos docentes e discentes que utilizam a
tecnologia.
Palavras chave: Redes sociais de relacionamento; processo
ensino/aprendizagem; cyberbullying;
ABSTRACT:
Currently we face a major technological growth
of Brazil and the world. This technology has been used in a positive and
negative by teachers and students in constructing knowledge. In analyzing these
two points, the objective of this paper is to report the existence of social
networks interferential relationship to the process of teaching / learning.
Like: express the concept of social networks, which approach, quantitatively,
and which overlaps the other social environments affected. To use this strategy
as the methodological literature review of studies published between January
2001 and December 2012. This work is justified to the existence of many
materials theorists who extol technology as educational element, facilitating
their study and analysis. In addition, we face the current technological
phenomenon called Facebook, needing to be analyzed in a more reflective and
scientific. We hope that reflects in his reading looks more vigilant about the
information contained in social networks, as well as their analysis and
understanding, allowing a maturing of our society and behavior of teachers and
students using technology.
Keywords: Social networks of relationships, teaching / learning process; cyberbullying;
INTRODUÇÃO:
O processo de ensino está em constante evolução e mudança. O
poder econômico em diversos países subdesenvolvidos, como o Brasil, está em
crescimento, possibilitando o acesso aos diversos meios de vida do sujeito rico
e pobre como, por exemplo, maior acesso às tecnologias. Devido à grande
competição no mercado de trabalho, estão sendo instituídas estratégias
organizacionais visando maior lucro e menor esforço. Para alcançar esse
objetivo, a educação em escolas e universidades cumpre papel importante na
formação e preparo do sujeito como cidadão e trabalhador. Surge então, como
meio de eficiência educacional e trabalhista, a utilização das tecnologias e
das redes sociais de relacionamento (TUOMI, 2001; ROSSETTE et al., 2008).
Inserida na revolução educacional, a escola é tida como uma
importante instituição social no processo de cidadania e correção da
estratificação social. Possui limitações, como atribuição de valores mensurados
irracionalmente diante de seu currículo e a imposição de ensinamentos aos seus
discentes que não correspondem a sua satisfação cultural:
Quando pensamos em um país melhor, em cidadãos
harmoniosos e honestos, numa sociedade mais justa, numa quase utópica solução
para o caos da coletividade moderna, ponderamos a escola como uma das
plausíveis ferramentas que possibilitam uma reorganização do aprendizado. Diante desta
escola, nos preocupamos com os ensinamentos básicos: saber ler, saber escrever
e saber contar. Mesmo que somente esta generalização fosse suficiente, quadros,
professores incapacitados e uma grande falta de vontade do Estado em mudar o
que é ultrapassado, destroem qualquer possibilidade de Educação através da
escola. Diante da falta de estratégias, surge então uma abordagem diferenciada:
o aprender a gostar de aprender. Este aprender deve ser diferenciado, atrativo
e natural para o aluno [...]. (PERFEITO, 2011a).
Em prognóstico das características citadas, a tecnologia pode
ser uma ferramenta no auxílio do gostar de aprender. Grande maioria dos alunos,
independente de seu poder aquisitivo, possui acesso às redes sociais de
relacionamento, via computador ou celular. Em tempo real, podem acessar
informações enviadas pelos professores ou outros alunos.
Esta
facilidade é reflexo do contemporâneo. Atualmente
nos deparamos com um dos maiores crescimentos tecnológicos do Brasil e do
mundo. De seis em seis meses, um celular que era visto como algo quase irreal
se transforma em artifício ultrapassado; televisões cada vez mais finas; softwares e hardwares a cada momento mais poderosos. Por dias, a tecnologia evolui
no mundo nos trazendo um melhor estilo de vida, maiores informações e
comodidade (PERFEITO, 2012).
Assim, toda a tecnologia existente pode facilitar a exposição
das informações pelo docente e entre os discentes. Não há dúvidas de que as
redes sociais de relacionamento, uma forma de tecnologia, empenham relevante
papel na sociedade brasileira. Como dito, com avanço e a diminuição dos custos
tecnológicos e da internet, boa fatia
da população, independente da estratificação social, possui acesso online as
redes.
No entanto, se a tecnologia for utilizada de modo irrelevante
do ponto de vista social, pode causar diversos estragos simbólicos em seus
usuários ou àqueles que são alcançados por seu efeito devastador. Este processo
negativo é chamado de cyberbullying.
Cyberbullying é um tipo especial de preconceito
que ocorre na esfera virtual, seja por meio da internet ou qualquer elemento tecnológico com poder de disseminar
informações depreciativas sem a necessidade do agressor se apresentar de modo
físico ou presencial (PERFEITO, 2012). É um novo formato concebido através de
celulares, pagers, blogs e sites de relacionamento onde
jovens vêem utilizando tais meios de comunicação para perpetuar condutas hostis
(PEÇANHA E DEVIDE, 2010).
Assim, são formados discursos violentos mediados pelo
instrumento de comunicação, que varia de acordo com a época, visando atingir
nocivamente uma ou mais pessoas ligadas ao círculo de informações. Por mais que
os meios tecnológicos permitam a disseminação da cultura, igualmente multiplica
ações criminosas (PINHEIRO, 2008). Por esse e outros motivos, o professor deve
estar atento ao como estão sendo utilizadas as ferramentas pedagógicas por seus
alunos, de modo a evitar recorrências preconceituosas. Portanto, as redes
sociais de relacionamento, tanto podem ser um recurso positivo, como negativo
no escopo educacional de seu usuário.
Possibilitando estas duas abordagens, o objetivo desse artigo
é relatar a existência interferencial – Segundo o dicionário Aulete, é tudo
aquilo que interfere ou diz respeito a algo –, favorável e desfavorável, das
redes sociais de relacionamento perante o processo de ensino/aprendizagem.
Assim como: exprimir a conceituação de redes sociais, qual abordagem,
quantitativamente, sobrepõe a outra e quais os ambientes sociais afetados.
Este artigo se justifica pela atual existência de diversos
materiais teóricos que exaltam a tecnologia como elemento educativo,
facilitando seu estudo. Além disso, estamos diante do atual fenômeno
tecnológico chamado Facebook, carecendo
de ser analisado de maneira mais reflexiva e científica. É relevante, pois
possibilitará o ponto gatilho para que outros estudos, ainda mais específicos,
sejam feitos através de pesquisa de campo. Sua leitura refletirá na
possibilidade de olhares mais atentos às informações contidas nas redes
sociais, assim como sua análise e compreensão, permitindo um amadurecimento
comportamental de nossa sociedade e dos docentes e discentes que utilizam a
tecnologia.
AS REDES SOCIAIS DE
RELACIONAMENTO
Precedendo sua relação com o processo educacional, iremos
abordar o assunto através de sua conceituação e funcionamento.
As redes sociais de relacionamento são comunidades em formato
de site que agrupam e organizam pessoas com acesso a internet por meio de interesses em comum. Existem diversos grupos
com características diferenciadas, que aglomeram internautas com desejos similares,
como: para as profissões, para o relacionamento amoroso, práticas esportivas,
estudos. Geralmente, usadas para compartilhar experiências (ROSSETTE et al., 2008).
Constituem-se por um sistema de elos e nodos. Não existe
fronteiras ou limitações e pode ser percebida como um suporte aos
comportamentos físicos. Representa um conjugado de participantes, que unem suas
ideias e recursos em torno de seus apegos (MARTELETO, 2001).
São páginas da Web
que visam proporcionar um ambiente virtual capaz de interagir e relacionar duas
ou mais pessoas divulgando informações pessoais e de trabalho, fotos e
postagens em tempo real (DIAS e COUTO, 2011). Dentre muitas, a que mais se
destaca atualmente é o Facebook,
seguido por Twitter e Orkut, sendo o último, dominante por
muitos anos.
Após o cadastro, o usuário é instigado a relatar suas
vivências e como se representa socialmente e fisicamente, através do preenchimento
de seu perfil e exposição de seus interesses: “quem sou eu”, “no que está
pensando agora”, “o que você está fazendo agora” “curtir”, “compartilhar”,
entre outros. Assim, as redes estimulam a revelação de dados que podem atrair
outras pessoas com anseios semelhantes.
Segundo pesquisa realizada pela Escola do Futuro – Núcleo de
pesquisas da USP –, os usuários de computadores estão se comunicando mais via
sites de relacionamento do que por e-mails,
mesmo quando o assunto é formal ou de trabalho (SILVA, 2009).
Em percentuais, de cada 5 usuários da internet no Brasil, 4 já estão inseridos em grupos virtuais de
relacionamento, portanto, 80% dos usuários. Quando pensamos em termos mundiais,
2/3 dos internautas, 1 bilhão de pessoas, possuem perfil em uma das redes
sociais existentes (O GLOBO, 2009).
Adolescentes, público que mais utiliza as redes sociais,
criam diferentes perfis para os diversos assuntos. Possuem um perfil para
empregos, outro para paqueras, conversas com os pais e amigos, etc. Este fato
ocorre, na fala dos adolescentes, pois na própria vida real, os indivíduos se
portam por modos distintos para cada situação social (SILVA, 2009).
Diante dos dados conceituais iremos discutir nos próximos
tópicos como as redes participam e interferem no processo de educação.
AS REDES SOCIAIS DE
RELACIONAMENTO E O PROCESSO DE ENSINO/APRENDIZAGEM
Existem diversas influencias tecnológicas na educação, optamos
em escolher especificamente as redes sociais de relacionamento devido ao
imensurável sucesso do Orkut e posteriormente,
do Facebook e Twitter, se relacionando nas construções culturais do aluno e
professor.
Existe um tipo especial de intercâmbio entre a política, a
tecnologia e o conhecimento. Não há uma homogenização, mas sim o processo que
uni os eventos em momentos e os fazem interferentes na qualidade do outro
(ORLANDI, 2003). Possui ainda, o discurso de que todo sistema social
organizado, é comandado por computadores ou conexões em rede, sendo o sujeito a
controlar unicamente o evento (DIAS e COUTO, 2011).
No entanto, antes do surgimento de computadores e outras
tecnologias, os acontecimentos no trabalho e na educação escolar já advinham.
São eventos decorrentes de episódios políticos e históricos e tão pouco
tecnológicos. As redes sociais e a internet
são apenas meios para divulgação do conhecimento (DIAS e COUTO, 2011).
Mesmo que a tecnologia não seja necessária para a construção
do saber, existe uma constituição expressiva de cultura e simbolismo de vida. Diante
de postagens nas redes sociais de relacionamento, são expelidos discursos com o
intuito de significar algo e a alguém. Através, e não somente, do virtual são
produzidos sentidos de vida (PÊCHEUX, 2008). Podemos então pensar na
informática processando educação devido suas possibilidades na aprendizagem e
na formação do conhecimento contemporâneo (DIAS e COUTO, 2011).
Mídias sociais ou de relacionamento são utilizadas em
abundância na circulação de dados e na inclusão ao outro. Para entender como o
indivíduo cresce e se molda através de sua formação social, faz-se necessário
também, que o professor entenda como o discente se relaciona e se entende nas
redes sociais (ORLANDI, 2001).
As escolas e universidades necessitam de um processo
modificado de ensino. É imprescindível a compreensão de que os alunos se
comunicam entre si e com os professores, formando uma contextura de discursos e
comportamentos. Uma das formas de fortalecer esse laço é através das redes de
relacionamento. Por meio destas, os alunos possuem acesso a reportagens,
artigos e fotos postados em outros sites e compartilhados pelo mesmo. Assim, em
uma aula, os discentes podem contestar informações já vistas antes ou ainda
sugerir a discussão de uma matéria publicada em tempo real e divulgada na rede
de relacionamento (GUERE, 2011).
De um lado, observamos instituições de ensino pautadas nas
regras e disciplina, didática sistematizada do conhecimento, materiais
constituídos na ideia tradicional de educar. No outro sentido, temos as redes
sociais desestabilizando um único detentor do conhecimento representado na
escola pelo professor e a construção do saber e da cultura pela massificação
informal dos dados (PÊCHEUX, 2008). Assim, as redes sociais, criam
conhecimentos de maneira adversa às concepções de educação da escola clássica.
Por intermédio da conexão entre os alunos, os mesmos se
tornam construtores e organizadores do conhecimento. No Facebook, através do curtir e compartilhar informações; no Orkut, através de comunidades e de
características semelhantes ao anterior; no Twitter,
“retwittando” ou compartilhando os links ou textos (DIAS e COUTO, 2011). Ocorre
uma formação e multiplicação imensuráveis de conhecimentos que se deslocam em
tempo real.
Embora, quando refletidas, as redes de relacionamento
norteiam informações complexas em sua essência, seu uso é fácil e favorece
troca de experiências entre as comunidades de mesmo ou de distintos interesses,
criando relevantes conhecimentos (HUSTAD, 2004).
As inovações tecnológicas facilitam a organização de dados,
maximização e gestão do conhecimento. Tal sistematização possibilita separar e
catalogar objetivos, interesses, tipos de informação, entre outros, auxiliando
a busca por novos saberes para cada segmento da sociedade (BOEKHOUDT & VAN
DER SAPPEN, 2004). Portanto, as redes podem ser consideradas ótima ferramenta
para que os docentes possam qualificar sua conduta profissional, além da troca
informativa, facilitando a formação e explanação de diferentes culturas.
FATORES NEGATIVOS
ADVINDOS DAS REDES SOCIAIS DE RELACIONAMENTO
Não há dúvidas, que se bem utilizada, a tecnologia através
das redes sociais de relacionamento pode proporcionar fatores positivos tanto
no ensino, quanto para o campo social no geral.
Percebendo isso, o Homem, a partir de então, passa a se
comunicar de maneira revolucionária. Alta velocidade e infinita possibilidade
de exteriorizar seus conhecimentos, pensamentos, o que está sentindo ou
planejando. Além da autocultura, é possível disseminar informações sobrevindas
de outras pessoas em tempo real. Projeta representações simbólicas tanto da
vida virtual como da real (SILVA et al.,
2011).
No entanto, a facilidade de emitir dados sem qualquer
restrição permite que os usuários promovam informações positivas, mas também
negativas. Apesar de ser uma problematização antiga, a violação moral, como
ameaças físicas e psicológicas, ainda continuam ocorrendo. A violência virtual
transcende até as barreiras nacionais, deslumbrando para todos que possuem
acesso a internet informações que denigre
o outro. É dever do Estado então, intervir quando um sujeito tem seus direitos
manchados no ambiente virtual, seja esse qual for (SILVA et al., 2011).
Dentre diversas imagens de autoestima, cumprimentos de bom
dia, boa tarde e boa noite, há também, discursos de ódio, que podem manifestar
indignação pela informação ou atitude do outro e discriminação ao modo como um
participante de determinado grupo compartilha notícias. A identificação do
discurso de ódio é feita pela caracterização de palavras ou atitudes que visam
intimidar, assediar, insultar, realizar alusões negativas as diferentes raças,
gêneros e culturas, religião, entre outros. Pode provocar e estimular ainda
mais aversão e discriminação a outras pessoas (WALDRON, 2010).
Os crescentes atos de preconceito realizados tanto fora como
dentro do ambiente virtual possuem relação direta com os meios de comunicação
em massa. Pelo caminho de suas estratégias de marketing, classifica e cria estereótipos e nivela comportamentos,
moldando o costume de ser e agir de pessoas passíveis a essas informações corruptoras.
Em acréscimo, com suas propagandas oralmente e/ou visualmente divulgadas por
pessoas bonitas ou famosas, utilizam fragilidades de cunho emocional para
evitar qualquer cognição ou contraposição de ideais. Assim, sem que exista
contra partidas, a discriminação e a violência são estimuladas e aumentadas
(BROWN, 1971).
Assim como
no bullying tradicional (PERFEITO,
2011b), a violência por meio do virtual possui basicamente três agentes: o
agressor, o agredido e o que assiste a tudo. O espectador não necessariamente
visualizará a ofensa em tempo real, podendo ocorrer horas ou dias após a
publicação das informações. Outro fator que devemos ter em mente para
analisarmos esse tipo de ação social é a de que as fotos, xingamentos ou outras
ofensas podem ser enviados para centenas de pessoas ao mesmo tempo, com apenas
um clique. Quando somos agredidos na rua ou na escola, podemos fugir de tais
locais. Já o preconceito disseminado pelo meio virtual não deixa claro quais
ambientes devemos evitar, trazendo assim, a sensação de que estamos
desprotegidos em todos os lugares, físicos ou não (PERFEITO, 2012).
Em termos
finais, existem basicamente três motivos que levam o cyberbullying a se tornar mais cruel do que o bullying tradicional: o preconceito tradicional só ocorre quando o
agredido e o agressor estão presentes no mesmo momento social. Já o virtual
pode ser armazenado e exposto sem a presença de ambos e por tempo ilimitado. O
segundo motivo se refere à exposição de sua vida. Principalmente os jovens, por
não perceberem a magnitude desta agressão, utilizam cada vez mais a tecnologia
para expor de forma negativa a vida pessoal de outras pessoas, empregando
muitas vezes, o computador e torpedos via celular. O terceiro motivo trata da
sensação de impotência devido à dificuldade de descobrir e coibir as ações do
estigmatizador e sua identidade real (SANTOMAURO, 2010).
É de suma importância a
reflexão sobre a potencialização do bullying e cyberbullying na escola por meio dos ambientes virtuais e das
redes de computadores. Quando o professor percebe o como relacionar estas
questões com as estruturas psíquicas dos sujeitos envolvidos, é possível
prevenir episódios drásticos que irão repercutir negativamente por toda a vida
dos alunos. São precisas ressignificações dos papéis e a reconstrução do
conceito de convivência diária, que devido à globalização e crescimento
tecnológico, não são mais fechados e inertes (AZEVEDO et al., 2012).
Dessa forma, os docentes podem atribuir aspectos positivos a
tecnologia. Contudo, precisam se preocupar com os fatores negativos que também
podem ser provocados, prejudicando o processo de ensino/aprendizagem.
METODOLOGIA:
Como estratégia metodológica, utilizamos a revisão de
literatura através de artigos científicos, livros nacionais e internacionais e websites sobre a temática, publicados
entre Janeiro de 2001 e Dezembro de 2012, com uma única exceção: Brown (1971),
com o intuito de conceituar e interligar o processo educacional com as redes
sociais de relacionamento. Todo o material foi obtido através de busca no site
da Google – www.google.com.br –, Scielo: – www.scielo.org – na revista EFDeportes: – www.efdeportes.com – e em
livros de biblioteca pessoal.
Após seleção do material, os mesmos foram fichados e
selecionados a fim de melhor representar o corpo referencial. A literatura
adotada, em grande maioria, se constitui de obras na língua portuguesa, deslumbrando
de trabalhos nacionais de alta relevância, não havendo necessidade de busca
abundante em pesquisas de outros países.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
A tecnologia se torna peça fundamental no auxilio educacional
de crianças e jovens. Utilizar ferramentas antigas como quadro e giz, se torna
desestimulante, quase um caminhar contra a qualidade e evolução do processo
ensino/aprendizagem.
As redes sociais de relacionamento são um exemplo de
tecnologia da informática. Por dados estatísticos, são 80% da população
interagindo através da conexão de interesses e desejos. Essa taxa nos mostra
que há grande interesse nesse evento por parte das crianças e adolescentes, ou
seja, do grupo social que está matriculado em colégios e posteriormente, em
universidades.
Porém, por trás da facilidade em manipular as informações,
existem ações gratificantes e outras estigmatizantes, esta segunda representada
aqui pelo cyberbullying e pelo
discurso de ódio.
Assim, o uso das redes sociais de relacionamento se torna
fundamental para acomodação da atual cultura do estudante, porém, sempre com o
auxílio de profissionais habilitados para tal. O que hoje é um grande desafio,
já que muitos dos docentes sequer dominam os conhecimentos de sua área de trabalho,
quanto menos, às ligadas a tecnologia.
Em considerações finais, relatamos que deve haver um melhor
preparo, na prática e teoria, dos docentes quanto à utilização das tecnologias
da informação.
Como sugestão para pesquisas futuras, é preciso estudar o
como o professor se insere nessa trama, quais são os resultados de um semestre
de ensino tradicional correlacionado a outro com a utilização das redes
sociais, entre outros temas a surgir.
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