Como citar:
BEZERRA, Marcelo Jorge de Souza; PERFEITO, Rodrigo Silva.
Variação do humor por meio de exercícios de Pilates em adolescentes acautelados. Nova Fisio, Revista Digital. Rio de Janeiro,
Brasil, Ano 16, nº 90, Jan/Fev de 2013. p. 32-41
Variação do humor por meio de exercícios de
Pilates em adolescentes acautelados
CHANGE MOOD THROUGH PILATES EXERCISES IN ADOLESCENTS SAFEGUARDED
Marcelo Jorge de Souza Bezerra¹; Rodrigo
Silva Perfeito ²
¹ Graduado
em Educação Física pela Bennett: mjsbbb@hotmail.com
² Graduado em Educação Física -
Licenciatura pela UERJ; Graduando em Educação Física - Bacharelado pela UERJ; Graduado
em Fisioterapia pela FRASCE; Especialista em Educação Física Escolar pela UERJ;
Mestrando em Ciências da Atividade Física pela UNIVERSO; Fundador e diretor do
Instituto Fisart: rodrigosper@yahoo.com.br
Nova
Fisio, Revista Digital. Rio de Janeiro, Brasil, Ano 16, nº 90, Jan/Fev de 2013.
p. 32-41 http://www.novafisio.com.br
Resumo
Introdução: é sabido que a prática regular de exercício físico está
associada à maior quantidade e qualidade de vida da população e que a sensação
de bem estar pessoal, por sua vez, relaciona-se com as duas variáveis citadas.
É, portanto, conveniente que, do ponto de vista clínico e de saúde pública,
existam instrumentos com alta sensibilidade que permitam administrar estas
variações psicobiológicas. O método Pilates é uma dessas ferramentas. Objetivo: analisar a variação do humor em
adolescentes acautelados no Instituto Padre Severino (IPS) após treinamento de
exercícios físicos por meio do método Pilates. Métodos: Foi utilizado o questionário de POMS antes e após os cinco
meses de treino para avaliar a variação do humor em 51 adolescentes do sexo
masculino com idades cronológicas entre 12 e 18 anos. Para o tratamento
estatístico, foi utilizado o teste qui-quadrado nas variáveis pré e pós- teste
com significância de p > 0,05. Conclusão:
existe relevante variação no nível de humor dos adolescentes custodiados após
treino físico pelo método Pilates, sugerindo a atividade como uma ferramenta
útil no trabalho de ressocialização de adolescentes e no cumprimento de suas
medidas cautelares.
Palavra chave: Variação de
Humor; Método Pilates; Adolescente Infrator
Abstract
Introduction: It is known that regular exercise is
associated with increased quantity and quality of life and the sense of personal well-being, in turn, relates to the two variables
mentioned. It is therefore appropriate
that, in terms of clinical
and public health, there are instruments with high
sensitivity to administer these psychobiological changes.
The Pilates method is one such tool.
Objective: To
analyze the change of mood in adolescents respected
in Instituto Padre Severino (IPS)
after training exercises
using the Pilates method. Methods: We used the POMS questionnaire before
and after five months of training to evaluate the change of mood in 51 adolescent
males with chronological ages
between 12 and 18 years. For statistical analysis, we used the chi-square variables
in pre-and post-test
with significance set at p <0.05. Conclusion: There is significant
variation in the level of humor of teenagers in custody after physical training at the Pilates method, suggesting
the activity as a useful tool in the work of re-socialization of adolescents and in fulfilling their protective measures.
Keyword: Change Mood; Pilates; Adolescent
Offender
Introdução
Antes de iniciarmos a discussão sobre os efeitos do método Pilates em
adolescentes acautelados, é preciso conceituar adolescência. Segundo a
Organização Mundial da Saúde (OMS), é o período estabelecido entre a fase
infantil e adulta. Pode ser caracterizada também com base em aspectos sexuais
secundários (TANNER, 1962). É a passagem de um estado de dependência para o de
autonomia, estabelecido entre os 10 anos e 19 anos (FEIJÃO, 2005).
Momento de mudança da
juventude para vida adulta, com grandes transformações somáticas, psicológicas
e sociais. De acordo com a OMS a adolescência está compreendida entre 10 e 19
anos (WHO, 1995) e segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), de 12
a 18 anos (BRASIL, 1990). No início da puberdade (10 a 14 anos) existe um
aumento rápido nas secreções hormonais e maturação sexual (GARCIA et al., 2003).
Após sucinta conceituação da adolescência em seu aspecto cronológico,
faz-se necessário breve dialogo sobre a violência que atinge o referido grupo
social.
É possível relatar que a violência praticada por crianças e adolescentes é
um grande problema para a sociedade brasileira, acompanhando uma tendência
mundial de incremento deste fenômeno. Além das violências físicas que causam
detenção, outro exemplo, dessa vez violência simbólica, seria o bullying (PERFEITO, 2011a). Tais jovens
violentos, cada vez mais considerados perigosos pela sociedade, são frequentemente
detidos e internados nas instituições correcionais conforme determinação das
medidas socioeducativas presentes no Estatuto da Criança e Adolescente - ECA (BRASIL,
1990) (LEI Nº 8.069 de 1990), fruto da ratificação da
Declaração Universal dos Direitos da Criança e do Adolescente da Organização
das Nações Unidas (ONU), que passou a considerar a população infanto-juvenil
como sujeito de direito e merecedora de cuidados especiais e proteção
prioritária. Esta lei revogou o Código de Menores de 1979 (MONES, 1992; SHOEMAKER,
1996; OLIVEIRA e ASSIS, 1999).
As causas para as ações
agressivas podem ser compreendidas, ou talvez sugeridas, pelo processo de
desenvolvimento emocional do adolescente ao qual chamamos de dinamismo para
formar sua própria identidade, existindo a necessidade de elaboração de três
principais perdas, que são denominadas: luto pela perda do corpo infantil; luto
pela perda dos cuidados advindos dos pais; e luto pela perda da identidade e do
papel infantil. No processo de resolução desses lutos, o adolescente passa a
apresentar características de comportamento que são agrupadas, formando a
"Síndrome da Adolescência Normal” (ABERASTURY e KNOBELL, 1981).
Sendo assim, a conduta do adolescente é dominada pela ação, forma de
expressão mais típica nesta etapa da vida, em que o próprio pensamento
necessita fazer-se em ação para ser controlado (CAMPOS, 2002). Ponderando de
maneira complementar, a personalidade do adolescente pode ser entendida como
uma “esponja”: é uma personalidade permeável que recebe tudo e projeta seus
sentidos, onde o processo de projeção e introjeção são intensos, variáveis e frequentes
(ABERASTURY e KNOBELL, 1981).
Devido à complexa ligação entre o corpo e a mente, no século XVIII, a formação da criança e do jovem passou a ser
concebida como educação integral englobando tanto a mente como o corpo, associados ao desenvolvimento pleno da personalidade,
momento em que a educação pelo corpo veio somar-se à educação intelectual e
moral (BETTI e ZULIANI, 2002).
Esta
integração físico/psíquico tem estado presente em inúmeras pesquisas
direcionadas à qualidade de vida, as quais vêm evidenciando, cada vez mais, a importância da atividade física e do exercício
físico à saúde mental (WEINBERG, 2001). Mediante o exercício, principalmente o
aeróbio, o sistema nervoso central é estimulado, liberando maiores quantidades
de endorfina que, quando inserida na corrente sanguínea, agem na musculatura provocando a sensação de
relaxamento e bem-estar.
Assim, existem diversas vantagens
da prática de atividade física para o adolescente, reforçando sua autoestima, o
estímulo a socialização, ocasionando maior empenho na busca de objetivos, além
de convir como um “antídoto” natural aos vícios por drogas ilícitas (BARBOSA,
1991). Pensando assim, nada melhor do que utilizar o método Pilates, um dos
exercícios mais discutidos nos últimos tempos (PERFEITO, 2011c), para melhorar
o humor de jovens custodiados e auxiliar em sua recuperação e ressocialização.
Apenas a cunho de curiosidade iremos conceituar sucintamente o método Pilates,
vide que já existem diversos trabalhos que o fizeram com embasamento relevante.
O método Pilates foi
criado pelo Alemão Joseph Pilates, nascido em 1880 e falecido em 1967 (CHANG,
2000; MELO et al., 2011). Sua prática
iniciou em 1920 sustentado pela contrologia, conceituada como o controle de
modo consciente das musculaturas envolvidas em cada exercício. A contrologia é
utilizada no auxílio do domínio da força e equilíbrio do corpo (PILATES, 2000).
No princípio, o público alvo em grande maioria era tido por bailarinos e
atletas. Nos últimos tempos, se tornou uma categoria de treino muito utilizada
em academias de musculação e em clínicas de reabilitação (PERFEITO, 2011c).
Somente nos Estados Unidos existem mais de 5 milhões de praticantes (CHANG,
2000). Pode ser conceituado como um treinamento contra resistência
sistematizado que utiliza de aparelhos e princípios próprios do método
(PERFEITO, 2011b).
Iniciada a
discussão, o objetivo deste artigo é o de investigar se existe variação
significativa do humor em adolescentes do sexo masculino com idades cronológicas
entre 12 e 18 anos que estão cumprindo medida sócioeducativa, diante da prática
de exercício físico pelo método Pilates.
Esta pesquisa se justifica pela
familiaridade e facilidade da coleta de dados dos autores e pela necessidade de
adicionar novos valores a literatura já existente. É relevante cientificamente,
pois busca acrescentar um tema ainda não discutido aqui no Brasil aos olhos do
método Pilates. Socialmente, se comprovada a melhora do humor nos adolescentes,
servirá como material para embasar a prática do Pilates nestes locais e sugerir
uma ferramenta facilitadora para a ressocialização destes jovens considerados
desviantes e marginalizados.
Metodologia
A amostra foi composta por 51 adolescentes
do sexo masculino com idades cronológicas entre 12 e 18 anos, custodiados no
Instituto Padre Severino e selecionados por conveniência e aleatoriamente. A
participação dos mesmos obedeceu aos princípios de ética em pesquisa (Conselho
Nacional de Saúde - Resolução nº 196/96), do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase), com
permissão do Juizado da Infância e Juventude – Comarca da Capital, respeitando as Normas da Escola de Gestão Socioeducativa Paulo Freire
– ESGSE –Divisão de Estudos, Pesquisas e Estágios (DEPE) e do Diretor do
DEGASE.
O estudo é transversal analítico, pois consiste na análise das relações
entre o exercício físico por meio do método Pilates e a variação do humor; e inferencial,
quando alcançamos conclusões com base na observação dos fenômenos e suas
probabilidades (THOMAS et al., 2012).
Os participantes
realizavam exercícios em circuito com duração de 60
minutos (10 minutos de aquecimento, 45 minutos com o circuito e 5 minutos com a
volta a calma), de maneira aeróbia, durante aproximadamente 5 meses (12/04/2011
a 06/09/2011) com intensidade de 60% da FC de pico média do grupo. Para
verificar o quantitativo e qualitativo da variável humor foi feita uma
adaptação do questionário de variação do humor POMS (VIANA et al., 2001). O POMS possui 42 itens que são adjetivos das escalas
de tensão, depressão, hostilidade, vigor, fadiga e confusão. Houve a aplicação
antes e após o período de treino.
Para o tratamento
estatístico, foi utilizado o teste qui-quadrado nas variáveis pré e pós- teste.
Para todas as análises utilizou-se p > 0,05.
Tanto a execução dos
exercícios de Pilates, quanto o preenchimento do questionário foram
acompanhados por um profissional habilitado. A aplicação do questionário foi
feita por uma pessoa cega a pesquisa. Ou seja, o aplicador não sabia para que
se destinava as informações, não existindo a possibilidade de indução das
respostas. Ao questionário inicial, foram acrescentadas três perguntas. A
primeira, se eles praticavam com regularidade algum exercício físico (pelo
menos duas vezes por semana); a segunda, se tinham alguma restrição médica para
a prática de atividades físicas; e a terceira, se estavam fazendo uso de algum
medicamento. Os que responderam de forma positiva a alguma destas perguntas
foram excluídos da amostra, destituindo discrepância relevante no
condicionamento físico e capacidade de se manter na atividade, ou ainda, outros
fatores que atrapalhassem a coleta de dados mais fidedignos.
Resultados
Para
realizar o objetivo proposto inicialmente e levantar a existência de variação
do humor com a prática do método Pilates, trabalhou-se com 26 itens do
questionário de POMS de Viana et al.
(2001), nos quais o respondente teve que escolher uma das respostas entre:
nada, um pouco, moderadamente, bastante ou muitíssimo. Este estudo foi
trasversal analítico, e consistiu na análise das relações entre o exercício
físico e a variação do humor; instrumento, pelo qual alcançamos conclusões com
base nas observações dos fenômenos e suas variáveis nos fatores “Depressão e
Melancolia”, “Tensão e Ansiedade” além de “Hostilidade e Ira”. Como se pode
constatar nas Tabelas 1 a 6. Apenas para o item “Depressão e Melancolia” os
valores encontrados não foram significativos.
Tabela 1- Distribuição dos valores percentuais do
Questionário de Pom’s, Pré e Pós-Teste para os fatores Depressão e
Melancolia.
Variável
|
Nada
|
Um
pouco
|
Moderadamente
|
Bastante
|
Muitíssimo
|
Total
|
Pré teste
|
289
(23,61%)
|
132
(10,78%)
|
58
(4,74%)
|
76
(6,21%)
|
57
(4,66%)
|
612
(50,00%)
|
Pós-teste
|
315
(25,74%)
|
145
(11,85%)
|
41
(3,35%)
|
67
(5,47%)
|
44
(3,59%)
|
612
(50,00%)
|
Total
|
604
(49,35%)
|
277
(22,63%)
|
99
(8,09%)
|
143
(11,68%)
|
101
(8,25%)
|
1224
(100,00%)
|
p=0,142.
Diferença não significativa entre o pré e o pós-teste
Tabela 2 - Distribuição
das variáveis em cada sub-item do fator Depressão e Melancolia
NÃO VARIOU
|
VARIOU
|
NÃO VARIOU
|
VARIOU
|
TOTAL
|
|||||||||||
NADA
|
UM POUCO
|
MODERADA
MENTE
|
BASTANTE
|
MUITÍSSIMO
|
NADA
|
UM POUCO
|
MODERADA
MENTE
|
BASTANTE
|
MUITÍSSIMO
|
||||||
Depressão-melancolia
|
IMPRESTÁVEL
|
NADA
|
19
|
8
|
1
|
21
|
30
|
51
|
|||||||
UM POUCO
|
2
|
9
|
|||||||||||||
MODERADAMENTE
|
5
|
3
|
|||||||||||||
BASTANTE
|
3
|
||||||||||||||
MUITÍSSIMO
|
1
|
||||||||||||||
TRISTE
|
NADA
|
6
|
4
|
1
|
19
|
32
|
51
|
||||||||
UM POUCO
|
8
|
4
|
1
|
||||||||||||
MODERADAMENTE
|
1
|
2
|
1
|
||||||||||||
BASTANTE
|
1
|
3
|
1
|
1
|
2
|
||||||||||
MUITÍSSIMO
|
4
|
4
|
3
|
3
|
1
|
||||||||||
SEM VALOR
|
NADA
|
20
|
6
|
2
|
1
|
1
|
20
|
31
|
51
|
||||||
UM POUCO
|
3
|
||||||||||||||
MODERADAMENTE
|
1
|
4
|
3
|
||||||||||||
BASTANTE
|
2
|
4
|
1
|
||||||||||||
MUITÍSSIMO
|
1
|
1
|
1
|
||||||||||||
DESENCORAJADO
|
NADA
|
18
|
3
|
2
|
1
|
26
|
25
|
51
|
|||||||
UM POUCO
|
4
|
4
|
|||||||||||||
MODERADAMENTE
|
2
|
5
|
1
|
1
|
|||||||||||
BASTANTE
|
2
|
2
|
|||||||||||||
MUITÍSSIMO
|
4
|
1
|
1
|
||||||||||||
SÓ
|
NADA
|
12
|
2
|
2
|
2
|
2
|
24
|
27
|
51
|
||||||
UM POUCO
|
7
|
1
|
1
|
1
|
2
|
||||||||||
MODERADAMENTE
|
2
|
1
|
|||||||||||||
BASTANTE
|
2
|
1
|
3
|
2
|
|||||||||||
MUITÍSSIMO
|
3
|
2
|
1
|
1
|
1
|
||||||||||
DEPRIMIDO
|
NADA
|
16
|
3
|
2
|
1
|
27
|
24
|
51
|
|||||||
UM POUCO
|
6
|
4
|
3
|
2
|
|||||||||||
MODERADAMENTE
|
1
|
3
|
1
|
||||||||||||
BASTANTE
|
3
|
2
|
|||||||||||||
MUITÍSSIMO
|
1
|
2
|
1
|
NÃO VARIOU
|
VARIOU
|
NÃO VARIOU
|
VARIOU
|
TOTAL
|
|||||||||||
NADA
|
UM POUCO
|
MODERADA
MENTE
|
BASTANTE
|
MUITÍSSIMO
|
NADA
|
UM POUCO
|
MODERADA
MENTE
|
BASTANTE
|
MUITÍSSIMO
|
||||||
Depressão-melancolia
|
MISERÁVEL
|
NADA
|
30
|
6
|
33
|
18
|
51
|
||||||||
UM POUCO
|
2
|
3
|
|||||||||||||
MODERADAMENTE
|
1
|
1
|
|||||||||||||
BASTANTE
|
1
|
3
|
1
|
||||||||||||
MUITÍSSIMO
|
1
|
2
|
|||||||||||||
DESANIMADO
|
NADA
|
7
|
5
|
3
|
1
|
17
|
34
|
51
|
|||||||
UM POUCO
|
7
|
7
|
2
|
1
|
1
|
||||||||||
MODERADAMENTE
|
1
|
||||||||||||||
BASTANTE
|
2
|
2
|
2
|
2
|
2
|
||||||||||
MUITÍSSIMO
|
1
|
3
|
1
|
1
|
|||||||||||
INÚTIL
|
NADA
|
27
|
4
|
1
|
33
|
18
|
51
|
||||||||
UM POUCO
|
1
|
5
|
1
|
||||||||||||
MODERADAMENTE
|
1
|
1
|
1
|
||||||||||||
BASTANTE
|
3
|
2
|
1
|
1
|
|||||||||||
MUITÍSSIMO
|
1
|
1
|
|||||||||||||
CULPADO
|
NADA
|
13
|
4
|
2
|
4
|
27
|
24
|
51
|
|||||||
UM POUCO
|
9
|
2
|
4
|
2
|
1
|
||||||||||
MODERADAMENTE
|
1
|
1
|
1
|
||||||||||||
BASTANTE
|
4
|
1
|
1
|
||||||||||||
MUITÍSSIMO
|
1
|
||||||||||||||
INFELIZ
|
NADA
|
11
|
9
|
3
|
1
|
16
|
35
|
51
|
|||||||
UM POUCO
|
1
|
3
|
1
|
1
|
2
|
||||||||||
MODERADAMENTE
|
1
|
3
|
1
|
2
|
|||||||||||
BASTANTE
|
3
|
2
|
3
|
2
|
|||||||||||
MUITÍSSIMO
|
1
|
1
|
|||||||||||||
APÁTICO
|
NADA
|
15
|
1
|
4
|
3
|
22
|
29
|
51
|
|||||||
UM POUCO
|
2
|
7
|
2
|
2
|
1
|
||||||||||
MODERADAMENTE
|
2
|
1
|
2
|
||||||||||||
BASTANTE
|
2
|
1
|
|||||||||||||
MUITÍSSIMO
|
1
|
2
|
3
|
Tabela 3-
Distribuição dos valores percentuais do Questionário de Pom’s, Pré e Pós-Teste
para os Fatores Tensão e Ansiedade.
Variável
|
Nada
|
Um
pouco
|
Moderadamente
|
Bastante
|
Muitíssimo
|
Total
|
Pré teste
|
77 (12,58%)
|
82
(13,40%)
|
36
(5,88%)
|
43
(7,03%)
|
68
(11,11%)
|
306
(50,00%)
|
Pós-teste
|
87 (14,22%)
|
100 (16,34%)
|
32
(5,23%)
|
48 (7,84%)
|
39
(6,37%)
|
306
(50,00%)
|
Total
|
164 (26,80%)
|
182 (29,74%)
|
68
(11,11%)
|
91
(14,87%)
|
107
(17,48%)
|
612 (100,00%)
|
p=0,029.
Diferença significativa entre o pré e o pós-teste
Tabela 4 - Distribuição
das variáveis em cada sub-item do fator Tensão-Ansiedade
NÃO VARIOU
|
VARIOU
|
NÃO VARIOU
|
VARIOU
|
TOTAL
|
|||||||||||
NADA
|
UM POUCO
|
MODERADA
MENTE
|
BASTANTE
|
MUITÍSSIMO
|
NADA
|
UM POUCO
|
MODERADA
MENTE
|
BASTANTE
|
MUITÍSSIMO
|
||||||
Tensão-ansiedade
|
TENSO
|
NADA
|
9
|
4
|
1
|
1
|
1
|
23
|
28
|
51
|
|||||
UM POUCO
|
12
|
5
|
1
|
1
|
|||||||||||
MODERADAMENTE
|
4
|
2
|
|||||||||||||
BASTANTE
|
2
|
1
|
5
|
1
|
|||||||||||
MUITÍSSIMO
|
1
|
||||||||||||||
INQUIETO
|
NADA
|
13
|
3
|
1
|
1
|
1
|
24
|
27
|
51
|
||||||
UM POUCO
|
5
|
2
|
2
|
2
|
1
|
||||||||||
MODERADAMENTE
|
2
|
1
|
1
|
||||||||||||
BASTANTE
|
3
|
1
|
4
|
1
|
|||||||||||
MUITÍSSIMO
|
3
|
2
|
2
|
||||||||||||
NERVOSO
|
NADA
|
7
|
5
|
1
|
1
|
20
|
31
|
51
|
|||||||
UM POUCO
|
9
|
3
|
4
|
1
|
|||||||||||
MODERADAMENTE
|
1
|
2
|
1
|
1
|
|||||||||||
BASTANTE
|
1
|
1
|
1
|
1
|
|||||||||||
MUITÍSSIMO
|
2
|
3
|
3
|
1
|
2
|
||||||||||
ANCIOSO
|
NADA
|
3
|
16
|
35
|
51
|
||||||||||
UM POUCO
|
2
|
6
|
|||||||||||||
MODERADAMENTE
|
1
|
1
|
3
|
1
|
|||||||||||
BASTANTE
|
2
|
1
|
4
|
2
|
1
|
||||||||||
MUITÍSSIMO
|
10
|
3
|
4
|
4
|
3
|
||||||||||
TRANQUILO
|
NADA
|
5
|
2
|
2
|
2
|
20
|
31
|
51
|
|||||||
UM POUCO
|
8
|
1
|
2
|
1
|
|||||||||||
MODERADAMENTE
|
1
|
2
|
1
|
1
|
2
|
||||||||||
BASTANTE
|
1
|
3
|
1
|
1
|
|||||||||||
MUITÍSSIMO
|
5
|
3
|
3
|
4
|
|||||||||||
IMPACIENTE
|
NADA
|
6
|
6
|
1
|
1
|
15
|
36
|
51
|
|||||||
UM POUCO
|
5
|
4
|
1
|
3
|
1
|
||||||||||
MODERADAMENTE
|
3
|
1
|
1
|
1
|
2
|
||||||||||
BASTANTE
|
1
|
3
|
1
|
||||||||||||
MUITÍSSIMO
|
4
|
2
|
1
|
3
|
Tabela 5
- Distribuição dos valores médios no Teste Pom’s, Pré e Pós-Teste para os
Fatores
Hostilidade e Ira.
Variável
|
Nada
|
Um
pouco
|
Moderadamente
|
Bastante
|
Muitíssimo
|
Total
|
Pré teste
|
102
(16,67%)
|
95
(15,52%)
|
28
(4,58%)
|
49
(8,01%)
|
32
(5,23%)
|
306
(50,00%)
|
Pós-teste
|
148
(24,18%)
|
83
(13,56%)
|
24
(3,92%)
|
34
(5,56%)
|
17
(2,78%)
|
306
(50,00%)
|
Total
|
250
(40,85%)
|
178
(29,08%)
|
52
(8,50%)
|
83
(13,56%)
|
49
(8,01%)
|
612
(100,00%)
|
p=0,002
Diferença significativa entre o pré e o pós-teste
Tabela 6 - Distribuição das variáveis em
cada subitem do fator Hostilidade e Ira
NÃO VARIOU
|
VARIOU
|
NÃO VARIOU
|
VARIOU
|
TOTAL
|
|||||||||||
NADA
|
UM POUCO
|
MODERADA
MENTE
|
BASTANTE
|
MUITÍSSIMO
|
NADA
|
UM POUCO
|
MODERADA
MENTE
|
BASTANTE
|
MUITÍSSIMO
|
||||||
Hostilidade-ira
|
IRRITADO
|
NADA
|
13
|
6
|
1
|
22
|
29
|
51
|
|||||||
UM POUCO
|
6
|
11
|
1
|
||||||||||||
MODERADAMENTE
|
1
|
||||||||||||||
BASTANTE
|
1
|
8
|
|||||||||||||
MUITÍSSIMO
|
2
|
1
|
|||||||||||||
MAL-HUMORADO
|
NADA
|
10
|
3
|
2
|
1
|
21
|
30
|
51
|
|||||||
UM POUCO
|
8
|
7
|
3
|
||||||||||||
MODERADAMENTE
|
3
|
1
|
|||||||||||||
BASTANTE
|
2
|
2
|
1
|
1
|
2
|
||||||||||
MUITÍSSIMO
|
1
|
2
|
1
|
1
|
|||||||||||
ABORRECIDO
|
NADA
|
4
|
1
|
19
|
32
|
51
|
|||||||||
UM POUCO
|
7
|
7
|
1
|
2
|
|||||||||||
MODERADAMENTE
|
1
|
5
|
2
|
||||||||||||
BASTANTE
|
2
|
3
|
2
|
2
|
|||||||||||
MUITÍSSIMO
|
5
|
3
|
2
|
1
|
1
|
||||||||||
FURIOSO
|
NADA
|
10
|
2
|
1
|
23
|
28
|
51
|
||||||||
UM POUCO
|
5
|
3
|
4
|
1
|
1
|
||||||||||
MODERADAMENTE
|
1
|
4
|
1
|
1
|
|||||||||||
BASTANTE
|
6
|
1
|
4
|
||||||||||||
MUITÍSSIMO
|
1
|
3
|
2
|
||||||||||||
COM MAU FEITO
|
NADA
|
19
|
8
|
1
|
1
|
24
|
27
|
51
|
|||||||
UM POUCO
|
3
|
5
|
1
|
||||||||||||
MODERADAMENTE
|
1
|
3
|
|||||||||||||
BASTANTE
|
3
|
1
|
2
|
||||||||||||
MUITÍSSIMO
|
1
|
1
|
1
|
||||||||||||
ENERVADO
|
NADA
|
15
|
3
|
1
|
24
|
27
|
51
|
||||||||
UM POUCO
|
6
|
8
|
4
|
1
|
|||||||||||
MODERADAMENTE
|
1
|
1
|
1
|
1
|
|||||||||||
BASTANTE
|
2
|
2
|
2
|
||||||||||||
MUITÍSSIMO
|
1
|
2
|
Discussão
Os
benefícios da atividade física embasados pela Fisiologia
A variação do humor através do exercício
físico, como no método Pilates, pode estar relacionada à maior produção de
endorfinas, que tem efeito analgésico similar à morfina, reduzindo a dor e
causando sensação de euforia; pode também, ter relação com a melhora do afeto
associado às alterações de uma ou todas monoaminas cerebrais (dopamina,
serotonina e noradrenalina); ou ainda, melhora fisiológica com a termogênese. A
elevação da temperatura corporal diante da atividade física pode atuar com
efeitos antidepressivos (NICOLOFF & SCHWERNK, 1995; RIBEIRO, 1998).
Há algum tempo, a Medicina iniciou a
suspeita da probabilidade existencial de substâncias químicas atuantes no
metabolismo cerebral capazes de influenciar o estado depressivo. Isso resultou nos
conhecimentos atuais dos neurotransmissores e neuroreceptores, muito
relacionados à atividade cerebral. De
fato, alguns neurotransmissores, notadamente a serotonina, noradrenalina e dopamina,
estão muito associados ao estado afetivo das pessoas. (BALLONE e MOURA, 2008).
Sendo assim, os antidepressivos são drogas
que atuam nos neurotransmissores aumentando o tônus psíquico, melhorando o humor
e, consequentemente, aprimorando o desempenho social da pessoa que o utiliza. É
provável que o efeito antidepressivo ocorra pelo aumento da disponibilidade de
neurotransmissores no SNC, notadamente da serotonina
(5-HT), da noradrenalina ou norepinefrima (NE)
e da dopamina (DA). Quando existe o
bloqueio dos receptores 5HT2 da serotonina,
os antidepressivos também funcionam como drogas antienxaqueca (BALLONE e MOURA, 2008).
O aumento dos níveis de excreção e síntese de serotonina no cérebro é
influenciado pelo exercício físico. Ao analisar o fluido cerebroespinal (CSF)
de pacientes com depressão, antes e depois do aumento da quantidade de
atividade física, foi constatado um acréscimo dos níveis do metabólito 5-HIAA,
não sabendo, ao certo, se o 5-HIAA demonstra
secreção de serotonina ou vazamento do CSF para as regiões mais altas do
cérebro. Além disto, existe uma possível correlação entre a fadiga e a elevação
das concentrações do aminoácido triptofano, precursor da serotonina no cérebro
(YOUNG, 2007).
A tirosina é produzida no fígado a partir da
fenilalanina, sendo transportada para os neurônios secretores, onde, através de diversas reações químicas, se transforma em catecolaminas (norepinefrina, epinefrina e dopamina),
proporcionando efeitos excitatórios e inibitórios no SNC (KING, 2011). Um estado de equilíbrio psicossocial
parece ser consequência do efeito tranquilizante e analgésico da atividade
física, proporcionado pela liberação da b-endorfina e da dopamina (MARIN-NETO,
1995).
O exercício físico proporciona
a excreção de endorfinas no cérebro, provocando um sentimento de bem estar e
euforia, de maneira bem semelhante às causadas pela morfina. Alguns dizem que a
atividade física é um tipo de morfina natural (ROBERTS,
1989; MARTINS e JESUS, 1999). A produção de endorfinas e encefalinas durante o
exercício físico aeróbico, liberadas 45 minutos ou mais após a realização do
exercício, incrementa o processo de alívio do estresse (DINTIMAN et al., 1989 ).
Os exercícios do método
Pilates contribuem para a integridade cerebrovascular, para o aumento no
transporte de oxigênio para o cérebro, para a síntese e a degradação de
neurotransmissores, bem como para a diminuição da pressão arterial, dos níveis
de colesterol e dos triglicérides, para a inibição da agregação plaquetaria, para
o aumento da capacidade funcional e, consequentemente, para a melhora da
qualidade de vida (McAULEY e RUDOLPH, 1995; MELLO et al., 2005).
O hormônio norepinefrina é
secretado em situações estressantes, a fim de por o organismo em estado de
alerta (MICHAL, 1998). Já a serotonina é uma substância transmissora inibitória
que pode produzir o sono, secretada, portanto, para apaziguar o indivíduo
(GUYTON, 1985).
Os exercícios de Pilates,
além de provocar uma série de alterações no metabolismo enérgico, induzem
também no comportamento humano. Dependendo da atividade física exercida e como
essa atividade é feita, há uma série de possíveis alterações, como por exemplo,
o aumento na síntese de alguns neurotransmissores e uma maior rapidez na
degradação dos neurotransmissores que já participaram da transmissão sináptica.
Algumas mudanças chamam mais a atenção, como a modificação no processo
cognitivo, onde uma pessoa que pratica atividades físicas tem uma maior rapidez
e eficiência nesse processo. Além disso, a resposta ao estresse também é
modificada, devido a uma alteração nos níveis de catecolaminas e a diminuição
da tensão muscular (McARDLE et al., 2008).
Dependendo do tipo,
intensidade, duração e frequência, o exercício físico provoca reações hormonais
das mais diversas, pois é acompanhado de inúmeras mudanças bioquímicas e
fisiológicas. Ficam evidentes as respostas e adaptações ao exercício das
catecolaminas, vasopressina, ACTH e do opióide b-endorfina. Algumas hipóteses
buscam justificar a melhora da função cognitiva em resposta ao exercício
físico. São elas: alterações hormonais (catecolaminas, ACTH e vasopressina); na
β-endorfina; na liberação de serotonina, ativação de receptores específicos e
diminuição da viscosidade sanguínea (SANTOS et
al., 1998).
Conforme o Manual de Campanha de Treinamento
Físico Militar (TFM) a
inatividade física, além de reduzir a capacidade física do indivíduo, acarreta
vários riscos para a saúde, além de estar relacionado com o aumento da
prevalência de mortalidade precoce. A inatividade física leva a um quadro geral
de hipocinesia. A atividade física auxilia na saúde mental positiva e no bom
humor dos praticantes (BRASIL, 2002).
Depressão-melancolia
A depressão é uma doença psíquica que, além de
afetar o emocional de um indivíduo tornando-o incapaz de sentir prazer, afeta
seu funcionamento fisiológico. É uma das doenças que causam maior índice de
incapacitação psicofísicosocial à população geral (DEL
PORTO, 1999).
A medicação farmacológica antidepressiva
apresenta influências positivas no tratamento da depressão, porém, muitos
pacientes não aderem ou não persistem a esse tipo de terapêutica devido aos
seus efeitos colaterais e ao seu alto custo. A falta de acesso e persistência
ao tratamento farmacológico aumenta a procura por tratamentos antidepressivos
alternativos, como eletroconvulsoterapia, psicoterapia e a atividade física por
meio do Pilates, como estamos sugerindo (SILVEIRA, 2001; MATTOS et al., 2004).
A atividade física é um importante aliado do
tratamento antidepressivo devido ao seu baixo custo e sua característica
preventiva de patologias que podem levar um indivíduo a situações de estresse e
depressão. Pessoas que praticam atividade física de forma regular reduzem
significantemente os sintomas depressivos (SHARKEY, 1998).
Em nosso estudo não foi encontrada diferença
significativa entre o pré e o pós-teste para estes fatores, sendo assim, não sugerem
a hipótese de que um circuito de exercícios aeróbios de Pilates substitua o
tratamento farmacológico para depressão.
Porém,
destacamos a importância de determinar que a intensidade e duração
adequadas do exercício para que sejam observados os efeitos em sintomas
depressivos é a chave para desvendar como o exercício físico pode atuar na
redução desses sintomas, pois embora haja um consenso de que esta prática reduz
os transtornos de humor, não há uma conformidade de como isso ocorre. Sendo
assim, apenas quando compreendermos a etiologia destes transtornos poderemos perceber
esta relação.
É necessário ter o conhecimento de como
ocorre a redução das desordens de humor após o exercício (agudo ou após um
programa de treinamento), para explicar os seus efeitos bem como outros
aspectos relacionados à prática desta atividade. Fatores genéticos podem estar
implicados na ocorrência, mas a gênese dos transtornos está também implicada na
função biológica, comportamental e do meio (BUCKWORTH & DISHMAN, 2002).
Também constatamos em nosso estudo que existe uma probabilidade de viés
de prevaricação – falsa resposta
ou de não aceitação –, pela
característica da população. Os fatores como imprestável, desencorajado,
deprimido, miserável, inútil e culpado podem gerar discriminação ou embaraço
para os envolvidos.
Cabe ressaltar que a análise detalhada dos fatores para “Depressão e
Melancolia” revela que os valores “não variados” também são positivos, uma vez
que em sua grande maioria foi respondido com “nada” ou “muito pouco”.
Tensão-ansiedade
Em meio às teorias da ansiedade, constata-se que não existe um estimulo
específico que identifique essa sensação, sendo que o conceito central da
teoria existencial é o de que as pessoas se tornam conscientes de um profundo
vazio em suas vidas, e a ansiedade é uma resposta ao imenso vazio da existência
(KAPLAN e SADOCK, 1993; BATISTA e OLIVEIRA, 2005).
A ansiedade é um sentimento vago e desagradável de medo, apreensão e
perigo de algo que é desconhecido ou estranho (CASTILLO et al., 2000).
Para Skinner e Freud há a concordância de que o medo e a ansiedade
constituem formas de defesa do organismo contra a ameaça a algum perigo. A
diferença para os dois, no entanto, é que o medo se instala sempre que há uma
ameaça real, já a ansiedade é um estado emocional que prevê algum estímulo como
ameaçador, antecipando-se ao que poderá ou não ocorrer no futuro (RODRIGUES,
1976).
A melhoria do bem estar psicológico está relacionado com a atividade
física. Esta diminui a ansiedade, a depressão, a tensão, a ira, as fobias, além
de melhorar a autoconfiança e a estabilidade emocional, sugerindo que o
exercício físico mais intenso, influi positivamente para redução do estado de
ansiedade entre 2 e 24 horas após o exercício (WEIMBERG e GOULD, 2001).
A diferença significativa entre o pré e o
pós-teste encontrado em nossos estudos para os fatores “Tensão e Ansiedade”, pode
estar relacionada ao vazio do cotidiano dos entrevistados, à perda de
perspectivas e inatividade física.
Como foi relatado, ocorre uma ação química estimulada pelo exercício físico que provoca alteração dos níveis de serotonina, além de outras adaptações no metabolismo enérgico, possivelmente alterando o comportamento dos sujeitos.
Como foi relatado, ocorre uma ação química estimulada pelo exercício físico que provoca alteração dos níveis de serotonina, além de outras adaptações no metabolismo enérgico, possivelmente alterando o comportamento dos sujeitos.
Cabe ressaltar que a análise detalhada dos fatores para “Tensão e
Ansiedade” revela que os valores “não variados” também são positivos, uma vez
que em sua grande maioria foi respondido como “nada” ou “muito pouco”.
Hostilidade-ira (raiva)
A agressão como comportamento que ofende ou tem o potencial para ofender outra
pessoa ou objeto. Pode ser um ataque físico (bater, dar pontapés, morder),
ataque verbal (gritar, xingar, depreciar) ou violação dos direitos alheios. A
agressão está relacionada com a intenção de causar danos à outra pessoa ou
objeto, levando em conta a intenção do agente. Este comportamento nocivo é
considerado agressão, principalmente quando o adolescente está consciente da
sua capacidade de ferir alguém (MUSSEM et al., citado por, SILVEIRA, 2003).
Encontramos como determinantes da agressividade fatores biológicos, como
altos níveis de testosterona. Já a raiva é uma emoção sentida desde a primeira
infância (NEWCOMBE, 1999).
Embora seja de conhecimento da comunidade científica que os níveis da
testosterona sejam elevados com os exercícios intensos, sabemos que em
indivíduos destreinados, mesmo o exercício aeróbico moderado, contribui para a
sua elevação. No cérebro a testosterona tem funções
como aumento considerado da memória e atenção. A diferença significativa entre o pré e o pós-teste para variação da raiva
nos indica que os exercícios de Pilates realizados em forma de circuito são de
grande valia no processo de aprendizagem dos internos e na participação das atividades
nas demais áreas de ensino da instituição, colaborando com a melhoria no
trabalho para a ressoaciabilização destes.
Cabe ressaltar que a análise detalhada dos fatores para “Hostilidade e
Ira” revela que os valores “que variaram” não sofreram com os efeitos da
tetosterona, uma vez que em sua grande maioria foram respondidos com “nada”,
“muito pouco” e “moderadamente”.
Considerações finais
A melhoria da qualidade de
vida com auxílio dos exercícios por meio do método Pilates não é novidade na
comunidade ciêntífica. Nos últimos anos,
o interesse das pesquisas tem se voltado para o âmbito psicológico a fim de
conhecer os efeitos da aplicação do exercício físico em tratamento de
transtornos mentais. Estudos procuram verificar a relação entre a depressão e
ansiedade com a atividade física. Outras buscam a relação entre distúrbios
mentais e desvios de condutas ou ato infracional.
Este estudo encontrou evidências
que o método Pilates bem orientado pode se tornar uma ferramenta eficaz na
qualidade de vida, no bem estar físico e emocional, colaborando com a
capacidade de enfrentamento da situação, modificando a percepção do interno diante
de uma visão mais positiva e confiante, gerando mudanças comportamentais.
De acordo com os
resultados da pesquisa, é possível inferir que os profissionais que atuam com o
Pilates podem trabalhar de forma preventiva contra comportamentos desviantes em
adolescentes e crianças custodiadas, pois proporcionaria ocupação do tempo
ocioso desses jovens privados de liberdade. Auxiliaria ainda no desempenhar de
funções diversas com finalidade de incentivos e de melhoraria na autoestima e
humor. Sendo assim, assessoraria na aceitação dos jovens ao internamento e na
perspectiva futura de reinserção à sociedade.
A carência de estudos sobre
os efeitos do exercício físico, principalmente com o método Pilates, nos
adolescentes infratores ainda é uma realidade e espera-se que este trabalho
contribua com novos esclarecimentos auxiliando na elaboração de projetos que
visem promover o
ensinamento de valores como lideranca, tolerância, disciplina, confiança,
equidade etnico-racial na população carcerária como um todo.
Entre os fatores que
limitaram este estudo, podemos destacar as questões internas de segurança
atrelada às Normas e Leis, como a frequência semanal de 1 dia, observadas com
rigor pelos profissionais da Instituição que impossibilitam qualquer adaptação
ao previamente autorizado pelo Ministério Público, Direção Geral do
Departamento e da Direção do Instituto Padre Severino. No entanto, entendemos
que tudo isto evita males a instituição e aos adolescentes.
Algumas restrições incapacitaram
o trabalho com um número maior de adolescentes e a realização de testes de
força e condicionamento físico para verificar a variação do humor nos adolescentes
nos estados: destreinados, em treinamento e adaptado ao treino, quando seria
possível aplicar uma carga mais intensa de exercícios físicos e observar a
forma ideal do exercício físico, para melhor e mais rápida obtenção da variação
do humor. Além disso, foi entendido que, como eram sedentários, já que não
pudemos realizar os testes, todos estavam em níveis de condicionamento físicos
semelhantes.
Recomendamos que novos
trabalhos sejam desenvolvidos nesta população. Desejamos com alegria também,
que estes dados sejam úteis e incentivadores para novas pesquisas.
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