Como citar: 

PERFEITO, Rodrigo Silva. Pilates: as diferentes respostas adaptativas ao exercício entre homens e mulheres. Nova Fisio, Revista Digital. Rio de Janeiro, Brasil, Ano 15, nº 87, Julho/Agosto de 2012



Pilates: As Diferentes Respostas Adaptativas ao Exercício Entre Homens e Mulheres


               Resumo
Trata-se de um estudo que visa não especificamente dialogar sobre os ocorridos do método ao longo dos anos, mas sim, da preocupação e necessidade que o instrutor ou professor necessita possuir no momento de criação do programa de treinamento. Uma dessas apreensões são as diferentes respostas adaptativas ao exercício entre homens e mulheres. A metodologia utilizada para confecção do estudo foi a revisão de literatura de artigos e livros nacionais e internacionais. Em considerações finais, é sugestivo relatar que existem importantes diferenças anatômicas e fisiológicas entre os sexos, que trarão melhor rendimento em variáveis do treinamento específicas para um e não ao outro, sendo obrigação do professor entender e manipular a atividade de forma consciente, evitando perda de rendimento e lesões.

Palavras chave: Pilates; Mulher; treinamento contra resistência.

               Abstract
This is a study that aims not specifically talk about the method that occurred over the years, but, of concern and need for the instructor or teacher needs to have at the moment of creation of the training program. One of these seizures are the different adaptive responses to exercise between men and women. The methodology used to prepare the study was a literature review of articles and books nationally and internationally. In closing remarks, is evocative report that there are significant anatomical and physiological differences between the sexes, which will bring better performance in training variables and not specific to one another, with the teacher's obligation to understand and manipulate the activity of consciously avoiding loss yield and injuries.

Key words: Pilates, Women, resistance training.



            Introdução
O presente artigo não estudará a história do método Pilates® ou seus princípios especificamente. Trata-se de uma pesquisa que se preocupa em apontar a necessidade de programas de treinamento com base na especificidade biológica. Assim, a temática aqui abordada será as principais diferenças entre o sexo masculino e feminino, resultando em exercícios totalmente diferentes entre os sujeitos de mesmo sexo e mais intensamente, de sexos diferentes. Para tanto, iremos refletir sobre a inserção da mulher ao treinamento contra resistência e ao Pilates®, o que é o método Pilates®, as diferenças biológicas entre o homem e a mulher e algumas sugestões para o treinamento de Pilates® pelo sexo feminino. Iniciaremos, ainda na introdução, esboçando a conceituação de atividade física e como ocorreu a iniciação ao treinamento das mulheres.
O assunto apresentado é considerado de grande relevância para sociedade que visa a aptidão física relacionada à saúde por meio do Pilates®. Serve de suporte para orientar as mulheres atletas e toda sua equipe, assim como as mulheres não atletas. A aptidão física é definida pelo American College of Sports Medicine (ACSM) como:

“É a capacidade de executar níveis moderados a vigorosos de atividade física sem fadiga excessiva e a capacidade de manter essa habilidade por toda a vida” (AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE, 2007).

Ao longo da história, mulheres que praticavam esforços físicos intensos por meio de um treinamento ou por uma atividade cotidiana, sempre apresentaram peculiaridades, fossem elas adquiridas por meio de movimentos da vida diária, dos esportes de alto rendimento ou por atividades de manutenção da saúde. Com o passar dos anos, essa relação vêm se modificando. Entretanto, mesmo diante de tantos estudos sobre o tema, muitas questões ainda se apresentam com obscuridade para a maioria dos indivíduos quando retratamos a mulher e atividade física vigorosa (OLIVEIRA et al., 2008).
Durante muito tempo se acreditou que ao “sexo frágil” deveriam restringir-se apenas os esforços voltados para atividades domésticas mais leves e que muitas modalidades de treino deveriam ser exclusivamente masculinas.
Até mesmo ao se tratar da atividade física relacionada à saúde do sexo feminino, alguns aspectos eram vistos de forma distorcida, como, por exemplo, a proibição ou não recomendação de alguns tipos de treinamento e exercícios – musculação, esportes de alta intensidade, lutas, entre outros – para as mulheres.
Tais contestações iam, e ainda vão, muito além do simples desconhecimento ou ignorância sobre o assunto, passando muitas vezes pelo preconceito e desrespeito às mulheres por criação simbólica de um imaginário social distorcido pelo estigma (PERFEITO, 2011).
Atualmente, se sabe que o exercício físico pode proporcionar, para ambos os sexos, diversos benefícios, como a melhora da aptidão física, conscientização corporal e percepção individual, e que as mulheres podem atingir rendimentos em termos relativos – devido às diferenças biológicas – tão elevados quanto seus congêneres do sexo masculino (McARDLE et al., 2001).
A partir do apresentado, o objetivo do estudo é analisar como certas particularidades referentes ao sexo feminino se revelam diante da atividade. Além de averiguar se de fato tais características podem interferir de sobremaneira na orientação do treinamento do Pilates® para esse público, seja relacionado ao condicionamento físico, tratamento ou prevenção de lesões, ou ainda, ao rendimento esportivo.
Tal pesquisa justifica-se, por se tratar de um tema estudado abundantemente pelo autor, sendo de seu contentamento a continuidade das reflexões já publicadas e por possuir fácil construção do estudo da arte devido ao acúmulo de trabalhos salvos em biblioteca pessoal ao longo dos anos. É relevante, pois resultará numa publicação com enfoque ainda pouco discutido quando nos referimos ao universo do método Pilates®, decorrendo em mais uma possibilidade de fonte científica, além de sugerir e revelar estudos importantes para a melhora da qualidade na prática de atividade física por meio do método apontado, auxiliando na saúde, melhor rendimento e menor risco de lesões da população praticante.
Diante disto, o presente trabalho almeja fazer uma revisão bibliográfica, na tentativa de abordar as principais informações que permeiam este campo de estudo. Peneirando assim um assunto de grandes mitos e contradições, que geram dúvidas.

            O método Pilates®
Foi criado pelo alemão Joseph Pilates, nascido em 1880 e falecido em 1967 (CHANG, 2000; MELO et al., 2011). Sua prática iniciou em 1920 sustentado pela contrologia, conceituada como o controle de modo consciente das musculaturas envolvidas em cada exercício. É utilizada no auxílio do domínio da força e equilíbrio do corpo (PILATES, 2000). No princípio, o público alvo, em grande maioria, era tido por bailarinos e atletas. Nos últimos tempos, se tornou uma categoria de treino muito utilizada em academias de musculação e em clínicas de reabilitação. Somente nos Estados Unidos existem mais de 5 milhões de praticantes (CHANG, 2000). Além do controle ou contrologia, existem outros princípios utilizados no método: concentração, respiração completa, propriocepção corporal global, precisão, fluidez e power house (FISART, 2011).
Pode ser conceituado como um método de treinamento contra resistência, sistematizado, que utiliza de resistências elásticas por meio de elásticos e molas, da força da gravidade, normal e peso por exercícios sem auxilio de aparelhos e com resistência plástica por intermédio de halteres, barras e caneleiras, entre outros. Possui princípios que o diferenciam e caracterizam o método, como a respiração e o power house. Sendo assim, possui características próprias, se distinguindo dos outros tipos de treinamento, que vistos em primeira instância, muito se assemelham (FISART, 2011).

            Diferenças biológicas entre o homem e a mulher
Em termos introdutórios, os homens, geralmente, são mais altos e hipertrofiam mais rápido que as mulheres. Além da característica citada, existem outras, que fazem parte da seleção natural resultante da competição milenar entre os machos pela posse das fêmeas – procedendo em corpos cada vez mais preparados para a sobrevivência na sociedade e autosustentação perante os perigos da vida – sempre interessados em se acasalar com as fêmeas mais bonitas e sendo capazes de proteger seus filhotes advindos desse relacionamento (VARELA, 2005).
Além da especificidade dos corpos advinda da subsistência, durante as últimas 5 décadas, neurocientistas explanaram informações que afirmam diferenças fundamentais entre os dois gêneros. Esse afastamento de características entre os sexos vai além da aparência física. Está presente também na conformidade cerebral e na maneira que o cérebro atua. Apesar de individualidades biológicas que atingem diferentemente o cérebro de cada gênero, o masculino, devido à maior quantidade de massa branca, que tem o objetivo de criar pontes de comunicação entre as diferentes partes do encéfalo, e entre o encéfalo e a medula espinhal, é cerca de 9% maior em relação ao feminino, uma vez que a quantidade de massa cinzenta, que, é responsável por grande parte das funções cognitivas superiores, é semelhante em ambos os sexos. Estudos neurofisiológicos no corpo caloso – estrutura que estabelece a conexão entre os hemisférios cerebrais direito e esquerdo – mostram indícios e apontam que tal estrutura é mais desenvolvida nas mulheres (VARELA, idem).
Diferente dos achados de Varela (2005) (9%), dessa vez, os estudos mostram que o cérebro masculino é cerca de 10% maior que o feminino. No entanto, o feminino tem maior número de conexões nervosas. Além de outras diferenças, como: o hipotálamo é maior em cérebros masculinos; ocorre menor síntese de serotonina nas mulheres, provocando maior sensação de bem estar e felicidade no homem; o cérebro masculino é voltado para a compreensão, enquanto o da mulher é programado para a empatia; os homens têm maior habilidade para tarefas com cálculos, já as mulheres para aqueles que exigem habilidades com a fala (BUCHALLA, 2004).
Como visto acima, em relação às sinapses, os neurônios das mulheres apresentam maiores ligações. Porém, quando analisados em termos quantitativos, os homens possuem entre 10 milhões a 20 milhões de neurônios a mais. Estes neurônios se encontram mais densamente na região central do cérebro.  Porém, nenhum estudo científico obteve êxito em questionar se um sexo tem maior poder cognitivo, ou melhor, possibilidade de aprendizagem em relação ao outro (VARELA, 2005).
Existem diferenças quantitativas entre o homem e a mulher. Essa heterogeneidade ocorre diante do tamanho do corpo, composição corporal e hormônios, como a presença de maior quantidade de testosterona no homem e de estrogênio na mulher. Quando o assunto é desempenho muscular, as diferenças hormonais são responsáveis por discrepâncias. O homem, por secretar maior quantidade de testosterona, tem maior potencialidade anabólica, acentuando a deposição de proteína nos músculos. Assim, apresenta cerca de 40% a mais de capacidade de hipertrofia em relação às mulheres, refletindo numa melhor produção de força. A mulher secreta em grande quantidade o estrogênio, causando, da mesma forma, algumas diferenças no desempenho. Tal hormônio aumenta a deposição de gordura em alguns tecidos, como nas mamas e quadris. Assim, a mulher que não é atleta possui cerca de 27% de gordura a mais na composição corporal em comparação ao homem não atleta. Portanto, em exercícios que necessitam de queima dos grandes estoques de gordura para produzir energia, sugere-se que a mulher leve alguma vantagem. Já naqueles que dependem de força corporal, como exercícios de potência, os homens levam vantagem (CORDEIRO, 2011). Além de a mulher possuir maior quantidade de gordura corporal, as mesmas tendem a ter uma regulação de temperatura menos eficiente, o que traz prejuízos em ambientes quentes ou exercícios com aumento significativo do metabolismo. Já em exercícios no frio, a mulher consegue suportar melhor a baixa temperatura devido ao isolamento feito pelo tecido de gordura, o que pode trazer um rendimento melhor. Entretanto, a mulher leva desvantagem em locais quentes, devido a menor quantidade de glândulas sudoríparas, perdendo em termorregulação pela evaporação do suor (MCARDLE et al., 2011).
As diferenças entre o homem e a mulher ocorrem desde o nascimento e se intensificam após o processo de desenvolvimento, crescimento e maturação (MALINA et al., 2009). Em estudo sobre a idade maturacional do indivíduo, foi demonstrado que, com maior intensidade, na puberdade as características sexuais secundárias caracterizam com melhor clareza as diferenças estruturais nos corpos dos adolescentes do sexo masculino e feminino (TANNER, 1978). O estado de maturação é denominado como um conjunto de adaptações fisiológicas que permitem que um indivíduo seja capaz de realizar ações que antes não poderia fazer, como por exemplo, ter força suficiente para vencer a resistência do elástico em um exercício do Pilates®, chutar a bola ao gol numa grande distância, além de questões biológicas, como possuir pêlos ou ainda se reproduzir. Tal progressão é influenciada pela genética e por fatores ambientais (MALINA et al., 2009).
O homem e a mulher não se diferenciam somente diante das características sexuais primárias ou secundárias, mas também pelas estruturas anatômicas, fisiológicas e constitucionais, como os gêneros (MACHADO e DEVIDE, 2007).
Apesar dos músculos de ambos os sexos possuírem a mesma estrutura e responderem ao treinamento da mesma forma (FLECK & KRAEMER, 1999), homens apresentam maior força em membros superiores do que as mulheres. Essa variação ocorre devido às diferenças de massa muscular total e a distribuição da mesma entre os sexos. O comprimento do corpo também se diferencia, sendo, no homem, geralmente maior. Essa diferença modifica o deslocamento do centro de gravidade, sendo mais baixo na mulher, o que influencia negativamente no rendimento em algumas modalidades de exercícios, como nas corridas de velocidade ou ainda nas que necessitam de saltos constantes, por exemplo, as que utilizam a pliometria. Além disso, a mulher possui maior flexibilidade devido à maior frouxidão ligamentar – referência da articulação sacroilíaca – que, por sua vez, é influenciada pela questão hormonal diferenciada em relação ao homem (HAMIL & KNUTZEN, 1999).
Apesar dos fatores biológicos apontarem melhores resultados em alguns exercícios para o sexo masculino e em outros para o feminino, somente relatos através da fisiologia não são suficientes para explicar plenamente a suposta superioridade de um sexo em relação ao outro. Devide (2005) relata que, por cada gênero possuir individualidades biológicas e culturais inerentes a cada sexo, as repostas durante e após qualquer exercício físico sofrem distintos alcances socioculturais, inseridos de forma diferenciada e característica em cada atividade física desempenhada. Farinatti (1995) aponta que tais facilitações no desempenho motor podem ser influenciadas pelas diferenças das atividades do cotidiano cultural brasileiro, como o varrer e cozinhar, exercido pela mulher; e o futebol, ou outro esporte, que é praticado pelo homem. Apesar dos diferentes estilos de vida de um indivíduo para o outro, vale ressaltar, que as atividades sociais e psicológicas também influenciam no desempenho entre o homem e a mulher.

            Treinamento de Pilates® para mulheres e algumas sugestões
Os estudos aqui apontados, não foram realizados diretamente com o intuito de mencionar o método Pilates®, mas sim, os exercícios físicos de uma maneira geral. Deste modo, os escritos foram adaptados pelo autor.
O Pilates® ou qualquer exercício físico adequado é reconhecido como uma forma eficiente de aliviar o stress emocional, melhorar a autoestima, a composição sanguínea, reduzir a pressão arterial, a gordura visceral, estimular a absorção de cálcio pelos ossos, aumentar a massa muscular, irrigar as cartilagens articulares. Em termos funcionais a atividade física regular por meio do método Pilates® aumenta a força e a resistência muscular, melhora a flexibilidade, a capacidade cardiorrespiratória e permite assim, maior autonomia motora, desde que trabalhados sistematicamente para tais objetivos (SANTOS, 2011).
A prática regular de exercícios físicos pode auxiliar na prevenção de doenças e influenciar positivamente a saúde da população, independente de sexo ou idade (FERRAZ & MACHADO, 2008).
A Organização Mundial da Saúde recomenda pelo menos trinta minutos de exercícios físico por dia, na maioria dos dias, os quais podem ser feitos de forma contínua ou acumulada (OMS, 2000).
Um programa de exercício físico tem como objetivo melhorar as condições físicas, promover a saúde e garantir a segurança durante a realização do treinamento (ACSM, 2007).
Antes de iniciar um treinamento físico no Pilates®, a pessoa deve fazer uma avaliação médica para mensurar as condições de saúde atuais. Além das preocupações médicas, é importante fazer algumas avaliações, tais como: medir o percentual de gordura corporal; medir a distribuição da gordura corporal, com ênfase na relação cintura/quadril, já que essa pode ser um indicativo para o risco de doenças cardiovaculares; medir os níveis de ferritina e hemoglobina, já que estes podem mostrar a carência de ferro e quadros de anemia que comprometem o rendimento das mulheres durante o treinamento (LEITÃO et al., 2000).
Como sugestões de treinamento no Pilates®, temos uma pesquisa que testou o treinamento em circuito com exercícios aeróbicos, resistidos e alongamentos, com mulheres sedentárias com idade entre 30 e 56 anos, durante 12 semanas, com a frequência de três vezes por semana e a duração de 60 minutos por sessão de treinamento. O treino consistia em: 10 minutos de atividade aeróbica, 42 minutos de circuito com exercícios de resistência muscular para membro superior, membro inferior e tronco, alternados com exercício aeróbio e 5 minutos de alongamento/relaxamento/alongamento, de forma passiva e ativa e com auxílio de técnicas de respiração. Após as semanas de treinamento descritas, o mesmo constatou a ocorrência da melhora média de cinco repetições na resistência muscular localizada e de 4,1 cm na flexibilidade. Assim, pode-se inferir que o treinamento três vezes por semana - mesmo sabendo que quanto mais dias de treino, mais fácil é a sistematização e o alcançar do rendimento - durante 60 minutos é de grande valia para impetrar os resultados esperados, e que as adaptações adquiridas influência na aptidão física geral e na capacidade funcional das mulheres positivamente e que além dos benefícios na resistência muscular e na flexibilidade, houve uma pequena redução no percentual de gordura corporal (SANTOS, 2011).
Em outro trabalho, foi analisado o efeito de um programa de treinamento físico, que pode ser feito no Pilates®, de 12 semanas em mulheres entre 20 e 30 anos, com base nas recomendações mínimas de esforço do American College of Sports Medicine. O treinamento consistia em 30 minutos de exercício em esteira em intensidade de 60% da frequência cardíaca de reserva controlada por frequêncimetro, seguido de um exercício para cada grupo muscular (tronco, MMSS e MMII). Todos os exercício eram realizados três vezes na semana sendo aplicado 3 séries de 15 repetições cada, a intensidade foi calculada por subjeção de esforço e conclusão adequada dos movimentos realizados, tendo como exceção o reto abdominal o qual era realizado 3 séries de 30 repetições sem acrescento de carga. A flexibilidade era aplicada três vezes por semana, sendo realizada em posições estáticas por um período de 15 segundo em cada posição (LOPES e RIBEIRO, 2010).
Os resultados mostram que ocorreu uma redução de 7,24% no percentual de gordura e esta redução segundo Lopes e Ribeiro (2010) deve ser atribuída principalmente ao aumento do gasto calórico provocado pelo exercício físico, ao qual diminuiu a massa gorda e aumentou a massa magra, ou seja, diminuiu o percentual de gordura corporal e aumentou o percentual de massa muscular, através do treinamento. Se tratando da flexibilidade, o resultado do estudo mostrou um aumento de 13,2% na flexibilidade. Já em relação a resistência muscular localizada, ocorreu um aumento de 13,8%. O VO2máx apresentou um aumento de 9,5%. Esse resultado mostrou-se menor porque o treinamento aeróbio possui a característica de ser relativamente mais lento as suas adaptações quando comparados com as demais valências. O estudo mostrou que mesmo em um período curto de 12 semanas, a possibilidade de aumentar a resistência muscular, a flexibilidade e o VO2máx, juntamente com a redução do % de gordura é possível.  O que pode minimizar a possibilidade de desistência de um programa de treinamento devido à falta de bons resultados (LOPES e RIBEIRO, 2010).
Em seu estudo, Silva e Aguiar (2003) realizaram o treinamento com mulheres inseridas no mercado trabalho e praticantes de atividade física semelhante ao Pilates®, com faixa etária de 18 a 46 anos. A frequência semanal do treinamento foi de cinco vezes, com a duração de 40 minutos de treinamento aeróbio e 40 minutos de treinamento contra resistência. O aeróbio foi estipulado no sistema de treinamento intervalado, devendo ser atingido 90% da frequência cardíaca máxima, estipulada pela equação de JONES. Já o treinamento contra resistência foi realizado após o Teste de 1RM e esses tiveram suas cargas de trabalhos estimadas em 75% de sua carga máxima, onde deveriam ser realizados movimentos entre 8 a 12 repetições. A análise estatística do trabalho foi alcançada através do programa estatístico "Teste T for Students" para amostras dependentes, juntamente com a obtenção das médias e desvio padrões dos dados obtidos no teste inicial e final do trabalho em questão. O índice de significância adotado foi p = 0,05. Os testes estatísticos mostraram que o trabalho apresentou um índice de significância ideal de acordo com o "Teste T for Students". Entretanto, o autor relatou precisamente qual era os valores iniciais e quais forma os valores após o treinamento.
Após o sucinto passeio pelas presentes informações, podemos verificar que o treinamento do Pilates® para mulheres deve obedecer as individualidades biológicas quanto ao sexo e idade, sendo respeitado o princípio da individualidade antropométrica, anatômica e biológica. Foi possível averiguar, que mesmo não sendo o ideal, um treinamento com frequência semanal de 3 dias, também pode alcançar os objetivos pré determinados, desde que o treinamento obedeça a sistematização adequada. É importante destacar que estes estudos foram escolhidos por cederem informações importantes, mas que nem toda a sistematização de treinamento é acordada pelo autor deste trabalho.


            Metodologia
Trata-se de uma revisão de literatura acerca do tema abordado, apoiando-se em autores renomados para desenvolver e discutir como ocorre o treinamento para mulheres. Como não foram encontrados artigos relevantes que tratam especificamente sobre Pilates® para mulheres, os textos em linhas gerais foram adaptados para abordar a temática. Para coleta dos dados literários e concretização do estudo da arte, foi realizada busca nas bases de dados Scielo, Medline e Pubmed, além de consulta de periódicos pelo sistema Qualis da Caps e em livros. As palavras chave utilizadas foram: fisiologia da mulher, Pilates e treinamento contra resistência e suas respectivas traduções por buscas na língua inglesa. Após investigação, foram selecionados os artigos pertinentes e descartados os demais, contando com um total de 23 referências.

            Considerações finais
Embora as mulheres tenham enfrentado grandes dificuldades no decorrer da história para conquistar seu lugar no âmbito esportivo e no treinamento contra resistência de alta intensidade, foram alcançados grandes progressos que proporcionaram uma mudança de paradigma onde as mulheres passaram de simples espectadoras para o posto de grandes praticantes em diversas modalidades de treino, como no Pilates®, por exemplo. Estas mudanças criaram uma condição que permite atualmente o surgimento de atletas mulheres que possuem uma grande influência e sucesso na esfera esportiva, seja pela sua aproximação de resultados ou pela maior representatividade que a imagem da mulher atleta vem ganhando perante a sociedade.
Apesar de existirem determinadas diferenças entre homens e mulheres no aspecto físico, como o tamanho do coração e a forma do quadril, não se deve atribuir superioridade ou inferioridade a um sexo em relação a outro. Essas alterações são características biológicas específicas que sempre irão existir. Além disso, muitas delas são influenciadas por aspectos e costumes sócioculturais, que embora ainda se façam presente, parecem estar se modificando com as transformações das representações sociais em relação aos gêneros que vem ocorrendo com o passar dos anos. Refletindo nos dados que mostram serem as mulheres, comparados aos homens, as maiores praticantes do método Pilates®.
O sexo feminino desfruta de determinadas particularidades, como a fase da menopausa, a amenorréia diante da interrupção da menstruação em atividades extremas, que devem ser levadas em consideração pelos professores ou instrutores de Pilates® no momento da elaboração de um programa de treinamento em busca do rendimento ou mesmo na prática de atividades físicas apenas em com intuito de se obter uma aptidão física favorável à saúde ou tratamento de lesão.
Tais cuidados são especialmente relevantes quando se trata de mulheres que praticam exercício físico intenso devido ao perigo de se obter um ou mais espectros da chamada tríade da mulher atleta – que não atinge somente a mulher atleta –, e no período pré puberal para que o crescimento e a maturação dos diversos sistemas corporais ocorram de maneira satisfatória e complicações futuras sejam evitadas.
Apesar do crescimento das investigações que estudam a participação da mulher nos esportes, pouco se sabe sobre os transtornos físicos e psicológicos relacionados com o exercício por meio do método Pilates® e que acabam afetando a rotina de vida. Faltam informações para identificar e evitar as transformações físicas e fisiológicas indesejáveis, atribuídas a métodos de treinamento que não diferenciam as mulheres dos homens.
Assim, uma limitação do estudo é a dificuldade em encontrar literaturas específicas, revelando a sugestão de novos achados que tragam dados próprios da prática do Pilates®. Apesar de não ser um estudo específico, acreditamos que o presente artigo possa contribuir para com os professores de Pilates® diante das dificuldades que encontramos no dia a dia de nossa conduta profissional. Vale ressaltar mais uma vez, que necessitamos de mais estudos específicos nessa e em temáticas semelhantes.



Referências:

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