Como citar: 

PERFEITO, Rodrigo Silva. A Educação Física, a Sociedade e o Bullying. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 153, Febrero de 2011.





Matéria Científica: A Educação Física, a Sociedade e o Bullying

Resumo

Ao realizarmos uma pesquisa por qualquer meio de disseminação do conhecimento, percebemos que vários autores já decorrem sobre o tema Bullying, ou seja, sobre os tipos de preconceito. Entretanto, tais estudos só abrangem a sociedade e as escolas. Proponho então uma reflexão através dos episódios de preconceitos ocorridos no âmbito das universidades, públicas ou particulares, do curso de Educação Física Licenciatura ou Bacharelado.

Palavras Chave: Educação Física. Bullying. Preconceitos.


Abstract

By conducting a search for any means of dissemination of knowledge we noticed that many authors have already conferred on the topic Bullying, or about the kinds of prejudice. However, these studies cover only the society and schools. I propose then a reflection of prejudice through the episodes occurred within the universities, public and private, the Physical Education course or Bachelor Degree.

Keywords: Physical Education. Bullyng. Prejudice.


     O que é Bullying

   Bullying é qualquer tipo de preconceito, seja ele, visual, falado, físico ou psicológico, que visa o divertimento do agressor e o descrédito dos valores ético-morais do agredido. É qualquer tipo de apelido, de representação de superioridade ou agressão, mesmo que ambos, agressor e agredido, considerem estes eventos mera brincadeira. 
   Pode ocorrer em diversas esferas da sociedade como: nas comunidades, em escolas, cinemas, universidades, no âmbito familiar, em rodas de amigos, nos esportes, nas boates, nos meios de comunicação em massa, como por exemplo, Orkut e MSN.


     O preconceito na sociedade

    Goffman (1988) e Perfeito (2011) muito dizem sobre o preconceito na sociedade. Indivíduos com necessidades especiais auditivas, visuais, físicas, mentais, sociais entre outros, são a todo o momento vítimas do preconceito, seja esse falado indiretamente ou diretamente, através de olhares, conversas as escondidas, agressões etc.
     Estes preconceitos acabam por trazer descrédito para a pessoa estigmatizada, atribuindo-lhe o status de pessoa inferiorizada, incapacitada e muitas vezes, infeliz com sua vida social. Isto traz conseqüências trágicas para aquele que sofre o preconceito e também para a sociedade. É muito comum que o estigmatizado, ou seja, aquele que sofre preconceito e cria um estigma ou sinal de descredibilidade, tenha vontade de se vingar daquele que o faz sofrer. Podemos verificar estes episódios de vingança ao constatar homicídios em lugares públicos ou escolas, onde o ator deste evento é uma pessoa que foi maltratada por grande tempo em tal local social. Existem ainda os casos em que o indivíduo sofre calado e ao não agüentar mais tanta impunidade acaba por se suicidar, pensando este, ser a estratégia mais eficiente para se livrar do fardo causado pelo preconceito. 
    Segundo reflexões de Perfeito (2011) cada preconceito tem seus termos específicos como: aleijado, retardado, quatro olhos, ceguinha, bichinha, sapatão, baleia, caveirinha, nerd. Estes são usados como metáforas, não sendo necessariamente um indivíduo portador de deficiências visuais especiais chamado de ceguinho. Devido a estes preconceitos que são sofridos diariamente, o estigmatizado acaba por acreditar que é rebaixado e absorve como suas, as crenças e pensamentos inferiorizados de sua pessoa. 
     Este tipo de atitude, o de aplicar o Bullying, pode e deve ser evitado. O preconceito é uma criação social. Se não existisse quem ensinasse o preconceito, também não existiria aquele que aprende e perpetua tal mal. Portanto, como seres sociais e educadores, devemos coibir este ato através da apresentação de reflexões sobre o assunto.


     O preconceito nos Cursos de Graduação

     Perfeito (2011) relata em seu livro: A Educação Física e o Bullying – A DesUtilização da Inteligência, a presença de um preconceito diferenciado no curso de graduação em Educação Física. Diz que ao ingressar na universidade, local onde de maneira alguma esperaria presenciar atos preconceituosos, se impressionou... muito se via e pouco se fazia para defender pessoas estigmatizadas nas aulas práticas e teóricas dos cursos de Educação Física. O mesmo autor relata abaixo como se sentiu ao presenciar um ambiente tão desqualificador:

[...] Posso afirmar que isto ocorre, pois diversas vezes fui vítima daqueles que se diziam amigos intra e extra classe de aula. Porém, isto não era o que mais me incomodava. Sentia-me triste por escutar frases e comentários absurdos em ambiente acadêmico, entretanto era engolido por um sentimento de indignação com aqueles que lidavam com o Bullying ao meu redor e fingiam que nada estavam sofrendo, quando visivelmente estavam deprimidos e descrentes de suas qualidades. Se alguns não tinham habilidade para realizar um arremesso, por exemplo, diziam que este aluno nunca serviria para o esporte e nem para a Educação Física devendo, assim, procurar outro curso, citando muitas vezes o curso de informática, onde o estudante passa a maioria do seu dia sentado. Esta atitude só me transcendia tristeza e um espírito de pena quanto ao futuro dos que sofriam o Bullying e com maior intensidade com relação aos que aplicavam esta ferramenta criminosa. Por inúmeras vezes, diziam que era brincadeira quando percebiam que haviam magoado terceiros, mas será que isto é uma brincadeira ou um crime? Milhares de alunos foram estigmatizados e continuam sendo. Se este apresenta peso acima do que a sociedade estipula como ideal, nunca seria um bom profissional de Educação Física, já que não conseguiria correr com rapidez e coordenação. Para não mencionar todos, citarei apenas mais um exemplo: a do indivíduo que é hipertrofiado e que por ventura apresenta resultado insatisfatório em alguma prova teórica ou prática sendo classificado como uma pessoa “burra”, que apenas tem habilidade para “malhar” (PERFEITO, 2011). 

     Uma das soluções para evitar que este mal se espalhe por toda a sociedade e meio acadêmico é oferecida por Perfeito (2001) que diz que precisamos refletir sobre o preconceito de forma a como o mesmo se inscreve na sociedade, como o mesmo realiza marcas depreciativas no corpo e na mente daquele que sofre com tal mal. Devemos discutir nas escolas e principalmente no âmbito acadêmico o sentido de valor moral e a representação do valor do ser humano na sociedade como aquele que constrói e convive bem com o outro e não como aquele que pode ser superior e disseminar o Bullying.
     A Educação Física nas universidades tem papel de formar novos ensinadores e estes têm papel de formar em seus alunos o senso de novos cidadãos com reflexões e autonomia social. O professor de Educação Física tem papel importantíssimo no processo ensino-aprendizagem, pois muitas vezes, é adimirado por seus alunos, sendo considerado modelo de conduta para seus alunos. Portanto, atitudes fundadas no bom senso, responsabilidade, qualidade científica e amor ao que faz, trará como conseqüência alunos reflexivos e alunos reflexivos, não perpetuarão o Bullying.


Referências 

BECKER, H. Notes on the Management of Spoiled Identity, 1963.


GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC Editora, 1988.


OLWEUS, D. Annotation: bullying at school: basic facts and effects of a school based intervention program. Journal of Psychology and Psychiatry, 43 (7), 1994. pp. 1171-1190.

ORBACH C., BARD, M, SUTHERLAND, A, Fears and Defensive Adaptations to the Loss of Anal Sphincter Control. Psychoanalytical Review, XLIV, 1957.


PERFEITO, Rodrigo Silva. A Educação Física e o Bullying: A DesUtilização da Inteligência. Rio de Janeiro: Livre Expressão, 2011.


RETONDAR, Jeferson J. M. A produção imaginária de jogadores compulsivos: a poética do espaço do jogo. São Paulo: Vetor, 2004.




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