Como citar:
PERFEITO, Rodrigo Silva. O bullying inserido nas aulas de Educação Física em âmbito universitário – Parte 2. Blog PenseETreine. Rio de Janeiro, ano 1, maio. 2011. Disponível em: [http://penseetreine.blogspot.com/2011/06/o-bullying-inserido-nas-aulas-de.html]. Acesso em: 00/00/0000 .
Matéria Científica: O bullying inserido nas aulas de Educação Física em âmbito universitário
Onde está o problema ?
Quando realizamos uma busca por diversos periódicos científicos, percebemos como o termo bullying está ligado às escolas e consequentemente ao sistema educacional. Alguns estudos apontam justamente a escola como primeiro local social que perpetua esta ação. Porém, existe ainda uma dificuldade para se determinar um critério válido sobre este tema no meio acadêmico.
Figura 1 – Representação clássica do bullying na escola.
Normalmente o senso comum indica o preconceito na escola como sendo constituído por brincadeiras normais e que ocorrem em consequência da imaturidade intelectual, cultural e educacional dos alunos. Neste ponto, Perfeito (2011b) no livro A Educação Física e o Bullying: a DesUtilização da inteligência mostra através de pesquisa que o preconceito não advém de qualquer tipo de imaturidade temporal. O foco do trabalho foi demonstrar que o preconceito não é uma brincadeira normal da infância. Se esse fato fosse verídico, após o término do ensino fundamental e médio, o bullying não estaria presente com a transição para os cursos de graduação, já que nesta fase o corpo discente possui certa maturidade tanto intelectual como educacional.
A realização do estudo
Nesse sentido foram aplicados questionários, com perguntas referentes à presença ou não do preconceito no âmbito universitário em diversas universidades particulares e públicas, escolhendo aleatoriamente alunos de ambos os gêneros dos cursos de licenciatura e bacharelado em Educação Física.
Figura 2 – Foto representativa de como pode se configurar o bullying em um ambiente universitário.
O resultado merece destaque uma vez que apenas 10% dos alunos entrevistados sabiam conceituar de forma adequada o fenômeno bullying (TABELA 1). Por outro lado, quando perguntados sobre a presença do preconceito no curso universitário, mais de 90% dos alunos assumiram ter presenciado ou sofrido algum processo de discriminação e provocação. Um dos alunos oficialmente declarou sua vontade de agredir fisicamente um professor que o tinha estigmatizado perante seus amigos durante uma aula prática (PERFEITO, 2011b).
Figura 3 – Valores percentuais referentes à pergunta sobre definição do termo bullying.
Diante destes resultados e outros mais contidos no livro, podemos concluir que o bullying está presente em ambiente universitário nos cursos de graduação em Educação Física e que o mesmo é ainda mais perverso, já que os graduandos utilizam sua suposta inteligência para elaborar episódios de estigmatização cada vez mais cruéis.
O preconceito é uma construção social plausível de ser aprendido e ensinado, sendo que neste contexto o professor de Educação Física é um dos educadores que mais influenciam os alunos. Pensando assim, a todo o momento são objetos de cópia diante de seus alunos.
Considerações finais
Finalizando, deixo a seguinte reflexão: Se nós professores de Educação Física e graduandos perpetuamos o bullying diante de nossas aulas e na graduação, como podemos combatê-lo? Como iremos refletir sobre um fenômeno que mal conhecemos? Como futuros professores de Educação Física irão contribuir para formação da cidadania se durante sua graduação aplicam e disseminam o preconceito?
Estas são muitas das minhas inquietações e revoltas perante uma Educação Física e um Brasil que precisam ainda entender com maior clareza qual o seu papel perante o mundo. Eu faço minha parte, e você, faz a sua?
Pense nisso !!!
Referências:
PERFEITO, Rodrigo Silva. O jogo como um relevante conteúdo de ensino na formação do sujeito e na prática escolar. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 153, Febrero de 2011a.
PERFEITO, Rodrigo Silva. A Educação Física e o Bullying: a desUtilização da inteligência. Rio de Janeiro: Livre Expressão, 2011b.