Como citar: 

PERFEITO, Rodrigo Silva. A importância de pensar no método Pilates como uma modalidade de treinamento. Revista Negócio & Fitness.  São Paulo, v. 19, Dezembro de 2011.




Matéria Científica: A importância de pensar no método Pilates como uma modalidade de treinamento

      Venho propor nesse artigo uma discussão diferente sobre o método Pilates. Vejo diversas revistas ilustrando exercícios sem que ocorra qualquer pensamento a seu respeito. Ou ainda, muito se fala sobre a eficiência do método quanto ao ganho de força, tratamento de uma patologia ou lesão, ou ainda, no molde estético corporal. Porém, para alcançar níveis relevantes quanto ao objetivo de seu aluno, cliente ou paciente, é importante que entendamos o Pilates como um método que requer treinamento, portanto, passível de ganhos e perdas diante das valências ou adaptações alcançadas durante um período determinado de sua prática. 
       Em outras palavras, se o seu objetivo é o ganho da resistência muscular, a mesma deve ser treinada de maneira adequada para que aumente; o mesmo processo temos para força, hipertrofia ou qualquer valência fisiológica do treino. Assim, pensando na manutenção dos ganhos, é preciso manter o treino em níveis de intensidade adequados, específicos e contínuos (princípio da continuidade e especificidade do treinamento). Portanto, para que exista a manutenção ou aumento dos ganhos é preciso que se empreguem métodos de treino específicos e adequados quanto à carga, número de repetições, intervalo entre as séries ou exercícios, entre outros fatores. Em caso contrário, as adaptações alcançadas através do treino serão perdidas, mesmo que parcialmente.  
      Antes de iniciarmos nossa discussão sobre como deve ser pensado o treinamento do método Pilates, é importante conceituá-lo. O Pilates é um método de treinamento contra resistência fundamentado e preparado por Joseph Pilates constituído por exercícios sistemáticos, organizados de forma a orientar a evolução das valências fisiológicas do praticante. Sua resistência, na maioria das vezes, é tida através de molas, halteres, faixas elásticas, ou ainda, por meio do peso corporal. É fundamentado em princípios técnicos e filosóficos inerentes ao método, como a respiração, fluidez e o Power House. Pode ser praticado tanto em aparelhos específicos ou no solo. Tem como objetivo preparar, recuperar ou aumentar as funções fisiológicas, anatômicas, biomecânicas, psicológicas e emocionais diante do objetivo específico e singular do praticante.
     Após conceituação do método Pilates, é possível pensá-lo como um instrumento que possibilita o alcançar de um objetivo, que é individual (princípio da individualidade biológica). O Pilates, assim como qualquer ferramenta é moldado de acordo com as necessidades do praticante. Se este precisa de um tratamento, o método se tornará um sistema de tratamento, com número de repetições, velocidade de condução, intervalos, intensidades, entre outros, moldados de tal forma a provocar estímulos corporais e psicológicos que tragam benefícios. Da mesma forma, se o objetivo é ganho de força, todas as variáveis serão fundamentadas para tal, cabendo o pensamento de forma similar para qualquer variável do treinamento.
      Diversos pesquisadores consagrados, como: Bompa, Fleck, Kraemer, McArdle, Farinatti, pesquisam sobre treinamento contra resistência e nos referem diversos conhecimentos importantíssimos que podem ser incorporados ao Pilates. Precisamos entender, diante de estudos científicos, que modificando o número de repetições ou de séries, ou ainda, o tempo de recuperação entre os exercícios e a carga, não estaremos simplesmente modificando possibilidades nos aparelhos e acessórios, transformaremos principalmente, a forma do corpo de se adaptar aos estímulos. É imprescindível pensar nos sistemas energéticos exercidos de maneira diferenciada de acordo com o tipo de treino: ATP - CP, ATP - CP + lático, lático, lático + aeróbio e aeróbio descrita por Baeche. Enganam-se os instrutores que pensam que o Pilates não pode ser adaptado para se tornar um exercício aeróbio, basta modificarmos, por exemplo, o número de repetições e o intervalo entre os exercícios. De veras, não será tão eficiente como a corrida, que tem um potencial aeróbio maior, porém, podemos alcançar a fonte energética lipolítica no Pilates. É importante refletir também sobre o limiar de carga / tempo de tensão / número de repetições, que repercutirá em tipos de treinamento diferenciados: força máxima, hipertrofia muscular, força explosiva e força resistente. Existem inúmeras possibilidades que serão moldadas através das variáveis disponíveis.
      Pensar no método como apenas um conjunto de exercícios que serão mudados inconscientemente de praticante para praticante através da variação de cores das faixas elásticas e molas, consiste em assumir a incompreensão das grandiosas possibilidades do método. Necessitamos de pesquisas científicas, para que assim, seja possível entender como ocorrem as adaptações neuroanatomofisiológicas do corpo e sua relação com o meio. Para tanto, diminuímos consideravelmente as possibilidades de erro durante nossa atuação e aumentamos, também de forma relevante, a probabilidade de elaborarmos um treinamento que vise realmente atender as necessidades do nosso público alvo.
      O pensamento crítico e científico enobrece o Ser, pois a única coisa que levamos dessa vida é o nosso conhecimento. Enquanto estamos vivos, vamos tornar o Pilates também mais vivo. E para que o mesmo seja praticado de forma intensa e vivida é preciso que nós professores, instrutores, terapeutas, saibamos adequar da melhor forma possível as possibilidades que estão a nossa volta. O método Pilates é uma excelente ferramenta, entretanto, da mesma forma que um lápis e um papel entregue a alguém que não sabe escrever, este nada escreverá. Já aquele que recebe as ferramentas (Lápis e o papel), mas que compreende o que fazer, se não pode escrever, criará grandes desenhos.
      Não feche os olhos, seja um crítico de mente aberta, eu, nossos alunos e o Brasil, todos nós, precisamos de pensadores. Junte-se a mim e pense nisso! 

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